Toda semana, pelo menos uma das notícias de repercussão nacional trata de violência contra a criança. O assunto não se tornou apenas corriqueiro, mas alarmante. Cada vez mais, o Ligue 100 recebe denúncias de abusos contra crianças e adolescentes. E essa violência acontece, principalmente, dentro da própria casa. “Uma criança que está em uma situação de risco ou de violência, que faz parte da comunidade ou está vinculada a uma escola, está dentro de uma rede que poderia protegê-la, e não a protege”, diz a diretora-executiva da Childhood Brasil, Ana Maria Drumond.
Em entrevista à IHU On-Line, concedida por telefone, ela fala dos principais problemas que envolvem a criança em situação de violência e abuso, e aponta onde acontece a maioria das ocorrências. “O senso comum diz que as crianças que mais sofrem abuso sexual são de classes menos favorecidas, mas isso não é verdade. O que acontece é que a denúncia é feita com maior frequência pelas camadas menos favorecidas, mas tem muita criança sendo abusada por famílias com alto poder aquisitivo”, revela.
Ana Maria defende que o diálogo ainda é uma das maneiras mais fortes de fazer com que se enfrente o problema. Segundo ela, as crianças pequenas também podem ser orientadas. “Não devemos entrar em uma paranoia, mas se não falarmos sobre sexualidade, a partir de uma determinada faixa etária, como essas crianças vão poder lidar bem com sua própria sexualidade e ter consciência de que podem dizer não?”, disse. O caso da adolescente paranaense que foi estuprada por ter aderido à brincadeira das “pulseiras do sexo” [1] evidencia essa afirmação. “Por mais que ela estivesse com a pulseira, ela se sentiu intimidada e com medo de ser criticada depois. Que autoestima é essa? Que consciência é essa em relação aos seus próprios limites?”, destacou.
Ana Maria Drumond é mestre em administração de empresas pela Universidade Luigi Bocconi (Itália) e diretora da Childhood Brasil, uma Ong fundada em 1999 e tem sede em São Paulo que faz parte da World Childhood Foundation, criada pela Rainha Silvia da Suécia. Confira a entrevista. (mais…)
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