Entidades reagem à detenção do líder indígena Alberto Pizango

Adital – O líder indígena peruano Alberto Pizango foi detido na tarde de ontem (26), pela polícia do Peru, no aeroporto Jorge Chávez, quando retornava ao país, para assumir a presidência da Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (AIDESEP). De acordo a imprensa do país, o presidente Alan Garcia denunciou a chegada de Pizango, na manhã do dia 26.

Por um ano, o ativista viveu como refugiado na Nicarágua. Ele é acusado pelo governo de ser responsável pela morte de policiais ocorridas durante o massacre em Bagua, em junho do ano passado.

A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), que se solidariza com os povos do Peru em virtude da detenção do líder Pizango, exige ações imediatas para reverter a situação. A Conaie pede a intervenção da Anistia Internacional para defender o líder indígena e anuncia que realizará protestos nas embaixadas do Peru pelo mundo, de modo a potencializar vigílias permanentes dos povos indígenas. “Pedimos e exigimos ao governo de Alan Garcia que se sensibilize e declare a liberdade com seus plenos direitos de nosso irmão Alberto Pizango”, declara em seu comunicado.

A CONAIE ressalta ainda que reconhece a trajetória de luta da Aidesep, em defesa dos direitos dos povos mais oprimidos do Peru e, para que isso possa continuar acontecendo, o governo precisa respeitar o direito dos povos ancestrais. “Consideramos que na América Latina, em todos os países, a perseguição a líderes indígenas que lutam em defesa da vida, foi criminalizada para assediar sua emblemática resistência como povos originários”, critica a entidade.

A Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP), assim como o Conaie, qualifica o caso como perseguição política e diz que enquanto Pizango está preso, os verdadeiros responsáveis políticos estão livres, exercendo funções públicas, em clara demonstração da perseguição do governo de Alan García.

A CGTP pede que se mude a sentença da ordem de prisão, como um ato de justiça em prol de um personagem que tem demonstrado resultados na defesa dos direitos das comunidades amazônicas, e que são severamente ameaças pelo atual governo e por grandes empresas interessadas em explorar os recursos naturais da região.

Há quase um ano dos acontecimentos de Bagua, para a entidade, hoje, mais do que nunca, é necessário clamar por justiça para as vítimas de uma decisão política que objetivava impor privilégios econômicos, sempre para o mesmo grupo, as custas da miséria de milhares de peruanos. “A presença de Pizango no Peru significa que a luta pelos direitos dos povos amazônicos seguirá sempre vigente”, finaliza.

A Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (Caoi) também expressou seu rechaço com a prisão do presidente da Aidesep, e exige que o presidente do país liberte o prisioneiro. A entidade convida as organizações indígenas do continente a manifestarem sua solidariedade com Pizango, iniciando imediatamente uma cruzada mundial contra a perseguição política que se desenvolve no governo de García.

A CAOI também pede que as entidades indígenas ativem suas missões diplomáticas para denunciar nos fóruns internacionais a política de criminalização e violação de direitos humanos praticados pelo governo peruano. “Pedimos à Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Organização das Nações Unidas (ONU) que vigiem e sancionem o descumprimento do Peru, sobre os tratados internacionais dos quais fazem parte”, declara.

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=48106

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