Leroy foi um dos precurssores na junção do tema ambiental à questão social brasileira, um movimento que se tornou mais divulgado a partir de 1992, quando foi realizada a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92). Ganhava força ali uma noção maior de sustentabilidade socioambiental que apagou muitas das fronteiras entre aqueles que antes se consideravam apenas ambientalistas e aqueles que participavam do restante do campo de organizações sociais. É produto desta época e deste esforço o grande acúmulo de crítica política, ação e reflexão sobre os padrões de desenvolvimento adotados por praticamente todos os países na atualidade.
É um pouco desta história que Jean Pierre apresenta, ao compilar alguns de seus mais importantes artigos em “Territórios do Futuro”. A primeira parte do livro trata do fundamento de sua prática política: a educação popular. Seguem-se as partes relativas aos temas sobre os quais sua ação política se desdobrou coletivamente, com a Fase, redes e fóruns das quais participa: desenvolvimento; Amazônia; agricultura e biopolítica; relações internacionais.
O leque de questões é amplo e abrangente. Não se pode esperar uma critica contundente ao modelo de desenvolvimento atual, que às vezes assume feição tão enigmática quanto predatória, que não seja complexa. De outro lado, porém, a voz do educador popular que tanto contribuiu para a formação de militantes sociais em vários lugares e tempos se faz ouvir com simplicidade. Afinal, em bom português, aquilo pelo que se luta é simples e compreensível: um modelo de manutenção da vida social que não destrua as condições desta mesma vida em sociedade. A clareza quase lógica deste pensar por princípios é lançada sobre questões espinhosas como agrocombustíveis, a reforma agrária brasileira, a biopolítica nascente, a inserção internacional do país e da América do Sul, a Amazônia.
Sobre esta, a quem dedicou tanto de sua vida, Leroy fala com especial carinho. Recém chegado ao Brasil em 1971, ainda sacerdote católico, ele viveu no Pará por muitos anos. Sem saber nada da Amazônia, aprendeu com seu povo e com a natureza até se tornar, como ele mesmo diz “um amazônida de coração que busca escutar e ecoar as múltiplas vozes amazônicas até hoje”.
Oportuna, portanto, é a publicação deste livro. Ele é um esforço a mais na luta por um outro Brasil, um outro mundo, uma outra forma de viver em coletividade. O apoio da Fundação Heinrich Böll foi, novamente, de fundamental importância. São as mãos que se juntam em defesa da vida contra os muitos descalabros e imprevidências que tentam dia após dia jogar uma sombra sobre os povos e o meio ambiente do Brasil e do planeta.
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