G-20: mais do mesmo?

Por Candido Grzybowski

Mudanças geopolíticas são visíveis e mais aceleradas neste contexto de crise, como se os velhos países dominantes econômica e militarmente já não tivessem o monopólio das soluções. O multilateralismo, de forma ainda capenga, volta a merecer atenção.

A grande crise financeira, que estourou em 2008, parece ressurgir com violência, agora com o epicentro na Europa, ameaçando a construção da própria unidade monetária baseada no euro. Por trás de tudo, uma ataque à própria ideia de União Européia, com sua proposta de região e solidariedade entre povos, que permitiu avanços monumentais em várias áreas e países europeus. Descobrimos, mais uma vez, que, num mundo interdependente, ninguém escapa. As tais forças do mercado contaminam e corrompem tudo, quando governos aceitam ser conduzidos por elas.

Aliás, os agentes do mercado ­ bancos, financeiras, fundos ­ viram conselheiros dos próprios governos, como na Grécia, e montam o desastre, mas não pagam a conta. Pior, o próprio projeto de região solidária e da moeda única ficou contaminado quando os principais governantes europeus aderiram à onda neoliberal.

Não é minha intenção me embrenhar no lado “cassino” da globalização neoliberal, promotora da financeirização desregulada e sem limites das últimas décadas. O fato é que a economia real, os governos, a qualidade de vida dos povos, estão em jogo. Os altos e baixos, as bolhas e seus estouros, as quebradeiras, todo este mundo financeiro em crise tem por trás um conjunto de crises articuladas que mostram a insustentabilidade do modo como nos organizamos, produzimos e vivemos no mundo, hoje. O que, sim, interessa é se perguntar até quando a humanidade vai tolerar e sofrer com este estado de coisas. Por onde vamos começar a inverter as tendências destrutivas de hoje, reveladas nesta “crise de civilização”? Mais imediatamente, onde e quando fixaremos limites ao livre mercado, aos especuladores, aos operadores do “cassino global”? (mais…)

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