Chapada do Apodi, Ceará – Política Pública X Meio Ambiente

Por Rodrigo de Medeiros

Os jornais, agora, noticiam que o poder público se reúne, para discutir planos e medidas sobre os agrotóxicos no Estado do Ceará. Há muito, lutadores e lutadoras, como Zé Maria, denunciavam as várias mazelas da expansão do agronegócio no Estado, dentre elas, o uso indiscriminado de agrotóxico.

Zé Maria, morto, denunciava a contaminação da água, denunciava a concentração de terras, indevidamente, nas mãos dos grandes. Há muito esta concentração indevida foi denunciada pelo Ministério Público Federal e estas ações não chegam a uma solução, nem responsabilizam ninguém por tal expediente. Há muito tempo, toda esta situação é denunciada a diversos órgãos do poder público e não se vê, nem se revê as medidas mitigatórias do EIA/RIMA, os procedimentos necessários para o funcionamento destes empreendimentos.
Denuncia-se também falha no sistema de saúde, para a reta identificação das intoxicações no local. O poder público deve alertar para o seu papel quanto a isso, especialmente, naquela região, que possui a especificidade do famigerado agronegócio.

Sociedade & Meio Ambiente

Mas a sociedade começou a dar mais demonstrações de força nesta luta pela vida, na Chapada do Apodi. Na última quarta-feira, pela manhã, os movimentos organizados e a comunidade do Tomé organizaram marcha e ato em homenagem a Zé Maria do Tomé, que lutava contra a pulverização aérea em Limoeiro.

Logo depois, de tarde, começou audiência pública da Câmara Municipal de Limoeiro, para se discutir a Lei Municipal que tornou a cidade conhecida, positivamente, por vedar a pulverização aérea. O auditório não coube de moradores das comunidades atingidas, movimentos sociais, professores, estudantes, autoridades e representantes do agronegócio.

Prefeitura de Limoeiro X Meio Ambiente

A mobilização para esta audiência pública deu-se pelo projeto de Lei Ambiental do Prefeito de Limoeiro do Norte, que num artigo, revoga a Lei que veda a pulverização aérea de agrotóxicos. Uma falta de respeito com a luta de Zé Maria do Tomé, uma falta de respeito aos cidadãos de Limoeiro que continuarão recebendo veneno em suas cabeças.

Mesmo com a Lei em vigor, a Prefeitura, o Ministério Público não fiscalizaram, não agiram de forma a impedir a pulverização aérea. Quem fiscalizava era o Zé Maria do Tomé.

Os olhos do Brasil e do mundo estão voltados, agora, para a Câmara Municipal de Limoeiro do Norte. Saber-se-á quem votará a favor do lucro das empresas do agronegócio e quem votará a favor dos munícipes de Limoeiro, a favor da vida e do meio ambiente.

18/05/2010

http://www.oestadoce.com.br/index.php?acao=colunas&subacao=ler&colID=43

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