“É preciso mais respeito com a vida humana. Atualmente estamos vendo uma série de projetos que, na visão de seus autores, devem acontecer de qualquer jeito e com isso as pessoas são obrigadas a sair de suas terras. Não se respeita a fraternidade do homem com a terra. A questão da territorialidade implica uma ligação afetiva com a terra, o meio ambiente”, defendeu.
“O desenvolvimento não pode se resumir a mero processo de acumulação de bens e serviços. A empresa é chamada a prestar uma contribuição à sociedade assumindo a responsabilidade social e empresarial, respeitando a condição humana, sem levar adiante o trabalho escravo, que fere a vida humana”, disse o bispo.
Dom Enemésio disse que as políticas de apoio aos pequenos proprietários de terra eliminariam as possibilidades de conflitos de terras e de outros problemas no campo como o trabalhos análogo à situação de escravidão. “Se houvesse uma política agrária que realmente favorecesse os pequenos, não teríamos tantas invasões, tantas ocupações e situações de trabalho escravo, pelo contrário, teríamos atenção aos pequenos, agricultura familiar e produtos agroecológicos”.
O bispo também apontou a política agrária brasileira como a “grande vilã das mortes no campo”. “É toda a questão da política agrária equivocada que gera a problemática das mortes no campo. Isso é incentivado pelo governo. O agronegócio progride, vai adiante, e concentra sempre mais a propriedade. A terra no Brasil está sempre mais em mãos de pouca gente. Mais pessoas têm menos e um grupo menor enriquece mais”, ressaltou.
Para o bispo de Balsas, são “nocivos” e “equivocados” os projetos do Governo que impedem as condições mínimas de sobrevivência através da terra. “Hoje se pensa um projeto equivocado que tem de crescer a qualquer preço. Está aí o exemplo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que tem que funcionar de qualquer maneira e de qualquer modo. Esse equívoco é nocivo e impede que uma grande parte de brasileiros tenha condições mínimas de vida digna e seja possibilitado de participar da construção da própria nação”.
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