Mapa reúne dados sobre conflitos na Amazônia

Fonte: Amazonia.org.br
Link: http://www.amazonia.org.br

A ameaça de impactos ambientais oriundos da implantação de gasodutos numa área preservada do Amazonas, a precariedade no saneamento básico oferecido a indígenas e quilombolas de Macapá (AP) e a expulsão de pequenos produtores pelo avanço da soja cultivada com agrotóxicos em Santarém (PA).  Esses são alguns dos problemas de injustiça ambiental e saúde, vivenciados pela população da Amazônia Legal, segundo mapeamento lançado ontem (05) no Rio de Janeiro (RJ).

O “Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil”, organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), com o apoio do Ministério da Saúde, pode ser acessado livremente pela internet, no seguinte endereço: http://www.conflitoambiental.icict.fiocruz.br/index.php

Nesse portal, podem ser buscadas informações sobre inúmeras populações e grupos atingidos em seus territórios por projetos e políticas baseadas numa visão de desenvolvimento considerada insustentável e prejudicial à saúde humana, por comunidades, movimentos sociais e ambientalistas.

O mapeamento foi feito com o objetivo de sistematizar e socializar o conhecimento sobre esses problemas, dando visibilidade às denúncias apresentadas pelas populações e organizações parceiras.  Os casos, sobre os quais são disponibilizadas informações no site, foram selecionados por sua relevância socioambiental e sanitária, bem como seriedade e consistência dos dados apresentados sobre eles.

Segundo o coordenador- geral do projeto, o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Marcelo Firpo, o objetivo do mapa “é apoiar a luta de inúmeras populações e grupos atingidos em seus territórios por ações governamentais e projetos de desenvolvimento que impactam desigualmente grupos sociais vulnerabilizados pelo preconceito e pela desigualdade social”.

Como usar a ferramenta

Logo na primeira página do mapa eletrônico, do lado esquerdo, o internauta pode pesquisar situações de conflito ambiental ou relacionadas ao direito à saúde, por palavra-chave, ou Estado do Brasil.

O banco de dados é literalmente um mapa, na medida em que reúne cerca de 300 casos distribuídos por todo o país, todos georreferenciados.  O sistema de buscas é vinculado ao GoogleEarth, e qualquer cidadão pode ter acesso a detalhes sobre o caso de conflito, a região onde ele acontece, ou o tema específico que lhe interessar.

Basta digitar o nome de um tipo de população ou processo produtivo, ou escolher um Estado do Brasil, para visualizar o mapa onde os conflitos relacionados acontecem, com a indicação exata do local onde vivem as comunidades atingidas.

Metodologia

O levantamento teve como recorte denúncias feitas desde janeiro de 2006, mesmo que suas origens fossem anteriores a essa data.  Para o cadastramento dos casos, foram considerados itens, como: tipo de população atingida e local do conflito; modalidade de dano à saúde ou agravo ambiental; a síntese do conflito e o contexto ampliado do mesmo; e os principais documentos e fontes usadas na pesquisa sobre o caso.

A construção dos casos incorporou a experiência de vários parceiros das entidades que organizaram a iniciativa, como grupos acadêmicos e entidades que vêm atuando nos movimentos por justiça ambiental no país.

São exemplos: o Mapa dos Conflitos Socioambientais da Amazônia Legal, organizado pela Fase Belém, os dados constantes da Nova Cartografia Social da Amazônia, coordenada pelo pesquisador Alfredo Wagner, e trabalhos realizados por universidades e centros de pesquisa, bem como relatórios da Plataforma Desch sobre Direitos Humanos.

Tais fontes foram complementadas pelo acesso a informações da mídia ou de instituições, incluindo Ministérios Públicos e a Justiça, quando envolviam informações sobre ações ou processos em andamento.

As informações apresentadas no mapa ainda não foram totalmente finalizadas.  A própria população poderá auxiliar na atualização dos dados do banco, clicando no subcanal “Fale Conosco”, dentro do espaço voltado à participação do internauta no site.

“As informações contidas devem ser vistas como dinâmicas e em processo de aperfeiçoamento, na medida em que novos dados e situações possam, na continuidade do projeto, aprimorar, corrigir e complementar o presente resultado, inclusive (esperamos!), resolvendo a questão e pondo fim ao conflito”, afirma Firpo.

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=354102

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