Lutas camponesas em São Paulo

A história camponesa paulista ganha uma nova publicação, que torna acessível aos leitores o mundo esquecido da militância de trabalhadores rurais. O brasilianista Clifford Andrew Welch lança, pela editora Expressão Popular, o livro “A semente foi plantada: as raízes paulistas do movimento sindical camponês no Brasil, 1924-1964.” O lançamento, com presença do autor, de Zilda Iokoi (USP), Bernardo Mançano Fernandes (Unesp) e Edilene Toledo (Unifesp), acontecerá no dia 6 de maio, às 14h, no prédio da Unesp (Praça da Sé, 108, São Paulo).

A obra, que teve apoio do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para sua publicação, traça um amplo panorama das transformações nas condições de vida dos agricultores dos cafezais e canaviais no estado de São Paulo, bem como suas formas de organização e representação.

Welch é professor de História Contemporânea do Brasil da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e credenciado do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciência e Tecnologia (FCT), da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Presidente Prudente.

Mobilização

Com foco na região de Ribeirão Preto, onde os movimentos dos pequenos agricultores e trabalhadores agrícolas tiveram papeis destacados a partir da segunda metade do século XIX, o autor busca em seu estudo a origem da mobilização nacional destes grupos e a formação dos movimentos sociais rurais do presente.

De acordo com Welch, vários movimentos agrários vão se formando em São Paulo e no Brasil, especialmente em conseqüência da militância do Partido Comunista do Brasil (PCB) dos anos 1920 até os anos 1960. Em nível nacional, o PCB organizou as ligas camponesas, em 1946, e a União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, em 1954. A esta altura, a Igreja Católica entrou em cena, com padres militando entre os camponeses. Mesmo assim, em 1963, foi o PCB que liderou a fundação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), uma entidade que cresceu nos anos 1970 para se tornar uma das maiores organizações de trabalhadores rurais e agricultores familiares do mundo. Este movimento sindical camponês, argumenta Welch, foi fundamental na história política do país, e contribuiu para o desenvolvimento da luta pela terra, que tem hoje, como seu representante mais conhecido, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Ao longo da obra, Welch aborda a questão dos direitos trabalhistas: muitas das reivindicações do movimento dos camponeses foram feitas para melhorar as condições de trabalho. Para o autor, até os anos 1960 predominava no movimento uma posição ideológica que combinava com a idéia do fim do campesinato e início de um proletariado rural. Já a partir dos anos 1990, a luta pela terra acaba sendo mais importante do que os direitos trabalhistas.

Por meio de ampla pesquisa, o historiador norteamericano faz uma leitura inovadora dos fatos (valorizando tanto um livro de um renomado intelectual como Kennneth Maxwell quanto a memória de um camponês) e analisa com profundidade a luta dos trabalhadores rurauis. Welch trabalhou com vários arquivos e coleções de fontes primárias; consultou material de imprensa da época como diários, revistas, jornais e boletins; buscou fontes em referências bibliográficas, entrevistou lideranças que atuavam naquele período e consultou entrevistas já existentes. Apesar de destacar as ações históricas dos camponeses, é importante notar que o livro analisa também os pensamentos e atividades da classe dominante rural. “O livro traz as vozes mais importantes do agronegócio no Brasil, entre o final do século passado até meados dos anos 60”, ressalta o autor.

“A semente foi plantada” faz parte da coleção Campos em Transição-Geografia em Movimento da editora Expressão Popular. A coleção tem conselho editorial indicado pela coordenação do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Unesp de Presidente Prudente. O livro é uma versão revista e ampliada da obra “The seed was planted: the São Paulo roots of Brazil´s Rural Labor Movement, 1924-1964,” publicado em 1999, pela Pennsylvania State University Press, nos Estados Unidos.

Serviço:
A semente foi plantada: as raízes paulistas do movimento sindical camponês no Brasil, 1924-1964
Autor: Clifford Andrew Welch
476 páginas
Lançamento: dia 6 de maio, às 14h, no prédio da Unesp (Praça da Sé, 108, São Paulo).
O livro pode ser adquirido pela Editora Expressão Popular (http://www.expressaopopular.com.br/loja)
Fonte: Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp

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