Seminário sobre tráfico de pessoas reunirá autoridades de vários países

Tatiana Félix *
São Paulo – Adital –
O Seminário Regional sobre Tráfico de Pessoas e Exploração Sexual que acontece amanhã (25) em São Paulo (SP), reunirá autoridades de seis países e contará também com a presença da Rainha da Suécia, Sílvia Renate Sommerlath, que fará a abertura do evento.
Participam do evento autoridades governamentais, procuradores, promotores, policiais, pesquisadores de países como Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, além de representantes de organizações da sociedade civil e das Nações Unidas. Da Suécia, também estará presente o Ministro de Desenvolvimento Social, Göran Hägglund.
A ideia é compartilhar experiências bem sucedidas de enfrentamento ao tráfico de pessoas, fortalecendo o combate contra este tipo de crime entre os países participantes. A Suécia contribui com o debate devido à sua experiência política e prática na área.
Adriana Maia, Especialista em Cooperação Técnica da área de Tráfico de Seres Humanos, do Escritório das Nações Unidas sobre drogas e crime (UNODC), disse que o objetivo do seminário é promover a troca de experiências entre os países participantes, permitindo uma maior articulação para combater este crime. “Esse evento serve como uma semente para articular ações e fortalecer o trabalho contra o tráfico”, declarou.
O intuito é fazer com que, através da troca de experiências, cada país possa conhecer a realidade desta atividade em outros territórios, já que o tráfico é um crime que ultrapassa todas as fronteiras e vitima milhares de pessoas no mundo. “É importante ter noção de como o tráfico acontece em outros países, já que esse crime tem como característica a saída de pessoas de um país para outro”, explicou Adriana.
No Seminário serão abordados os temas “Panorama do Tráfico de Pessoas e Exploração Sexual”, “Estratégias Políticas de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas” e “Perspectivas práticas no enfrentamento ao tráfico de pessoas”. Todos esses assuntos serão ministrados por especialistas dos países participantes do evento.
Além da Rainha Silvia, estarão presentes também a Primeira Dama do Brasil, Marisa Letícia da Silva, o Ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, o Ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, a Ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire e o representante regional do UNODC, Bo Mathiasen.
Desde o último dia 23 o Casal Real está no país. A visita do Rei Carl XVI Gustaf e da Rainha Sílvia ao Brasil atende a um convite do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Tráfico Humano
O tráfico de seres humanos é um dos crimes mais graves da atualidade, considerado como a escravidão moderna. Afeta todos os continentes e atinge, pelo menos, 2,5 milhões de pessoas no mundo, segundo o UNODC. Estimativas apontam que este crime movimenta 32 bilhões de dólares por ano. A exploração sexual de mulheres é a atividade que mais aparece no contexto do tráfico, sendo, em média, 79 % dos casos. Também são atividades do tráfico de pessoas o trabalho escravo e o tráfico para retirada de órgãos.
* Jornalista da Adital

Tatiana Félix *

São Paulo –  Jornalista da Adital

O Seminário Regional sobre Tráfico de Pessoas e Exploração Sexual que acontece amanhã (25) em São Paulo (SP), reunirá autoridades de seis países e contará também com a presença da Rainha da Suécia, Sílvia Renate Sommerlath, que fará a abertura do evento.

Participam do evento autoridades governamentais, procuradores, promotores, policiais, pesquisadores de países como Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, além de representantes de organizações da sociedade civil e das Nações Unidas. Da Suécia, também estará presente o Ministro de Desenvolvimento Social, Göran Hägglund.

A ideia é compartilhar experiências bem sucedidas de enfrentamento ao tráfico de pessoas, fortalecendo o combate contra este tipo de crime entre os países participantes. A Suécia contribui com o debate devido à sua experiência política e prática na área. (mais…)

Ler Mais

“Segurança e território”, por Marianna Araujo

O livro "O que é a favela, afinal?" lançado ontem no FSU. Foto: Francisco Valdean / Imagens do Povo
O livro "O que é a favela, afinal?" lançado ontem no FSU. Foto: Francisco Valdean / Imagens do Povo

O eixo temático previsto para as atividades de ontem, dia 23, do Fórum Social Urbano foi “Criminalização da Pobreza e Violências Urbanas”. Em meio aos eventos programados para esse dia, cerca de 50 pessoas se reuniram para a roda de conversa “Territórios populares e segurança pública: (re) vendo políticas públicas e práticas sociais”, promovida pelo Observatório de Favelas e pela Redes da Maré. Conduzindo o debate estavam Jailson de Souza, fundador do Observatório, Eblin Farage, da Redes da Maré e Raquel Willadino, da vertente Direitos Humanos do Observatório de Favelas. Entre os presentes, estudantes, militantes de diversos movimentos urbanos e integrantes das duas instituições.

Além do debate, estava previsto o lançamento do livro “O que é a favela, afinal?”, publicação produzida pelo Observatório de Favelas com patrocínio do BNDES. O livro reúne as reflexões produzidas durante o seminário de mesmo nome que ocorreu em agosto de 2009 e contribuições de estudiosos convidados.
A atividade teve início com uma fala de Jailson de Souza acerca do histórico do Observatório de Favelas e sua atuação no campo da luta pelo direito à cidade. Souza explicou que a instituição busca romper com a ideia que tradicionalmente define a favela pela carência material e precariedade nas estruturas. De acordo com o geógrafo, essa visão alimenta um discurso que cria estigmas e gera preconceito. “A definição tradicional tem como princípio fundamental o paradigma da ausência. Por que definir a favela por ela mesma? Nós acreditamos que é impossível pensá-la fora do contexto da cidade, marcada historicamente pela precariedade de investimentos públicos”, afirmou.
Souza ressaltou que ver a favela como um problema em si é desconsiderar as questões que estão na raíz das desigualdades presentes na cidade, mas implica também em negar seus moradores enquanto sujeitos. Segundo ele, é preciso reconhecer as particularidades desses espaços, mas também valorizar as iniciativas e subjetividades que emergem neles. O coordenador do Observatório de Favelas concluiu sua fala afirmando que os Jogos Olímpicos são “uma oportunidade fundamental para a cidade”, não apenas em termos de estrutura, mas como via de garantir os direitos de todos os cidadãos.
Em seguida, Eblin Farage falou sobre a experiência da Redes da Maré no campo da educação, área em que a instituição desenvolve projetos há mais de 10 anos. Farage deu ênfase ao Seminário de Educação realizado na Maré em novembro de 2009. Segundo ela, a experiência de reunir professores, moradores e gestores em um Seminário na favela é algo inédito e demonstra o potencial da ação mobilizadora como forma de interferir na favela. “O caminho para a transformação passa pela moblização. Apenas mobilizando moradores, poder público e instituições locais é que podemos levar adiante ações estruturantes que tenham impacto nesses espaços”, afirmou.
A roda de conversa promovida pela Redes da Maré e Observatório de Favelas. Foto: Francisco Valdean / Imagens do Povo
Assim como Souza, Farage citou a importância de se trabalhar o conceito de favela como forma para superar estigmas e promover melhorias. “Nós pensamos em uma conceituação de favela que direcione políticas públicas que se contraponham à essa noção de precariedade. Apenas assim é possível promover projetos coletivos que visem ao desenvolvimento desses espaços”, explicou ela.
Encerrando este momento de abertura da roda de conversa, Raquel Willadino falou sobre as ações que Observatório de Favelas e Redes da Maré, juntamente com outras instituições locais, têm realizado no campo do debate acerca da segurança pública. Willadino ressaltou que ações como a Conferência Livre de Segurança da Maré e a Consulta Livre, que ocorrerá no próximo dia 27, acerca da reestruturação do Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp) são importantes formas de mobilização da população. “É fundamental constituir espaços de construção coletiva de proposições. É uma forma de prevalecer os interesses coletivos, diferente daquelas iniciativas que vêm de fora para dentro”, explicou ela.
Após as três falas, seguiu-se uma hora de debate, com participação intensa dos presentes. Para Mariana, estudante de geografia e serviço social, que acompanhou toda a roda de conversa, a articulação feita entre os temas segurança pública e território se mostrou bastante interessante. “Fiquei bastante impressionada também com as informações que foram trazidas pela Raquel sobre violência na Maré. A gente acaba vendo muito com os olhos da mídia e perde um pouco a noção da realidade”, afirmou a estudante.
O Fórum Social Urbano continua até sexta-feira com debates, plenárias e intensa programação cultural. Veja aqui a programação completa.
http://www.observatoriodefavelas.org.br/observatoriodefavelas/noticias/mostraNoticia.php?id_content=782

Além do debate, estava previsto o lançamento do livro “O que é a favela, afinal?”, publicação produzida pelo Observatório de Favelas com patrocínio do BNDES. O livro reúne as reflexões produzidas durante o seminário de mesmo nome que ocorreu em agosto de 2009 e contribuições de estudiosos convidados. (mais…)

Ler Mais

Nota do Fórum Sócio-Ambiental do Extremo Sul da Bahia e Rede Alerta contra o Deserto Verde

Milícia armada da Fibria (Aracruz) mata morador local na Bahia
Através desta nota, queremos demonstrar nossa imensa revolta com a morte de Henrique de Souza Pereira, 24 anos, ocorrida no último dia 16 de março, quando uma equipe da GARRA, empresa privada de ‘segurança’ da Fibria (ex-Aracruz Celulose e sócia da Stora Enso na Veracel Celulose), atirou nele, alegando que estava furtando madeira e ‘agindo com agressividade’ quando foi solicitado a deixar uma área de eucalipto, segundo uma nota da própria empresa Fibria. Mas segundo declaração feita durante entrevista a um jornal local ao pai de Henrique, Osvaldo Pereira Bezerra, que estava junto com o filho no momento da ação, numa motocicleta indo para casa. Durante a ação, os milicianos quebraram o braço do pai de Henrique.
Depois de terem atirado em Henrique, os milicianos teriam deixado o local e voltado apenas depois de 40 minutos na companhia de uma ambulância. Henrique não resistiu aos ferimentos.
Queremos expressar aqui nossa solidariedade com a família de Henrique e com a sua comunidade.
Vale lembrar que Henrique de Souza Pereira é um dos inúmeros moradores vizinhos das extensas áreas de eucalipto que buscam sobreviver, encurralados em pequenas propriedades. O fato lembra também um outro assassinato ocorrido em 2007 quando Antônio Joaquim dos Santos, geraizeiro, foi morto pela milícia privada da V&M Florestal quando estava tirando lenha de uma área de eucalipto da V&M Florestal para seu forno. Curiosamente, tanto a V&M Florestal, quanto a Fibria, tem o selo verde internacional FSC que diz ao consumidor que a produção da empresa vem de um “manejo florestal socialmente justo”.
O que chama a nossa atenção e causa a nossa indignação é que mais uma vez um morador local tem que morrer enquanto as autoridades, com dinheiro público do BNDES, continuam incentivando a expansão da monocultura de eucalipto no país através do repasse descarado da verba pública a mega-empresas transnacionais como a Fibria e Stora Enso. Ao mesmo tempo, as mesmas autoridades emperram a reforma agrária e a demarcação de terras quilombolas, indígenas, camponesas e geraizeiras. Agindo assim, as autoridades estão sendo coniventes com a ‘fome’ insaciável dessas empresas por mais terras e lucros. Só a Fibria ocupa uma área no país superior a 1 milhão de hectares!
Na sua nota à imprensa sobre a morte de Henrique, em nenhum momento a Fibria analisa por que famílias, para sobreviver, acabam retirando lenha e madeira das suas terras. Ao contrário, para nosso espanto, a empresa afirma: “Ao mesmo tempo a Fibria gostaria de externar as autoridades estaduais sua preocupação com a escalada de ocorrências de furto de madeira no sul da Bahia, que gera risco de conflitos com perda de vidas como o ocorrido, e que afeta não apenas suas operações, como as de outras empresas florestais instaladas na região. É urgente a adoção de medidas que coíbam essas práticas ilegais, de forma a estabelecer condições de segurança para a população e assegurar um ambiente que possibilite as operações das empresas e o desenvolvimento social e econômico da região”.
Diante do ocorrido, pergunta-se: que desenvolvimento social e econômico é esse, que ceifa a vida de moradores locais?? Que ignora direitos das comunidades e destrói a esperança do povo?  É inaceitável que uma empresa com essas práticas consiga ter supostos selos de ‘sustentabilidade’ como o FSC e Cerflor, além dos inúmeros outros prêmios que apresenta.
Lembramos que neste momento no Extremo Sul da Bahia e no norte do Espírito Santo, dezenas de moradores locais, trabalhadores rurais sem terra e principalmente quilombolas, estão sendo criminalizados e processados, supostamente por estarem ‘furtando’ madeira da empresa em terras que sempre foram de uso comum dessas comunidades e das quais sempre tiraram seu sustento.  No dia 11 de novembro de 2009, o governo estadual do Espírito Santo realizou na comunidade quilombola de São Domingos uma mega-operação policial, prendendo 39 quilombolas com 130 policiais armados com fuzis e metralhadores, com cães e cavalos.
Mas as autoridades são incapazes de garantir a reforma agrária e a demarcação efetiva e sem demoras dos territórios quilombolas, geraizeiros, indígenas e camponeses.
Somente devolvendo as terras para seus legítimos donos e para quem precisa trabalhar nela, é possível acabar com conflitos como este.
Por último, exigimos uma apuração rigorosa e punição dos culpados dos fatos e que não só a GARRA, mas também a Fibria seja responsabilizada pelo lamentável morte de Henrique de Souza Pereira.
Fórum Sócio-Ambiental do Extremo Sul da Bahia e Rede Alerta contra o Deserto Verde
23 de março de 2010
Milícia armada da Fibria (Aracruz) mata morador local na Bahia

Através desta nota, queremos demonstrar nossa imensa revolta com a morte de Henrique de Souza Pereira, 24 anos, ocorrida no último dia 16 de março, quando uma equipe da GARRA, empresa privada de ‘segurança’ da Fibria (ex-Aracruz Celulose e sócia da Stora Enso na Veracel Celulose), atirou nele, alegando que estava furtando madeira e ‘agindo com agressividade’ quando foi solicitado a deixar uma área de eucalipto, segundo uma nota da própria empresa Fibria. Mas segundo declaração feita durante entrevista a um jornal local ao pai de Henrique, Osvaldo Pereira Bezerra, que estava junto com o filho no momento da ação, numa motocicleta indo para casa. Durante a ação, os milicianos quebraram o braço do pai de Henrique.
Depois de terem atirado em Henrique, os milicianos teriam deixado o local e voltado apenas depois de 40 minutos na companhia de uma ambulância. Henrique não resistiu aos ferimentos. Queremos expressar aqui nossa solidariedade com a família de Henrique e com a sua comunidade.
Vale lembrar que Henrique de Souza Pereira é um dos inúmeros moradores vizinhos das extensas áreas de eucalipto que buscam sobreviver, encurralados em pequenas propriedades. O fato lembra também um outro assassinato ocorrido em 2007 quando Antônio Joaquim dos Santos, geraizeiro, foi morto pela milícia privada da V&M Florestal quando estava tirando lenha de uma área de eucalipto da V&M Florestal para seu forno. Curiosamente, tanto a V&M Florestal, quanto a Fibria, tem o selo verde internacional FSC que diz ao consumidor que a produção da empresa vem de um “manejo florestal socialmente justo”.
O que chama a nossa atenção e causa a nossa indignação é que mais uma vez um morador local tem que morrer enquanto as autoridades, com dinheiro público do BNDES, continuam incentivando a expansão da monocultura de eucalipto no país através do repasse descarado da verba pública a mega-empresas transnacionais como a Fibria e Stora Enso. Ao mesmo tempo, as mesmas autoridades emperram a reforma agrária e a demarcação de terras quilombolas, indígenas, camponesas e geraizeiras. Agindo assim, as autoridades estão sendo coniventes com a ‘fome’ insaciável dessas empresas por mais terras e lucros. Só a Fibria ocupa uma área no país superior a 1 milhão de hectares! (mais…)

Ler Mais

Pai é espancado e o filho assassinado por homens da Garra e Fibria Celulose no município de Mucuri

O jovem Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, morto com um tiro na cabeça por seguranças da Garra, deixou esposa e um filho de 4 meses

O jovem Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, morto com um tiro na cabeça por seguranças da Garra, deixou esposa e um filho de 4 meses. Na foto ao lado, seu pai.

http://www.itabatanews.com.br/leitor.php?cod=2088

Dois trabalhadores rurais, pai e filho radicados há 23 anos numa pequena propriedade rural na Praia dos Coqueiros na região da comunidade de Costa Dourada no litoral sul do município de Mucuri, foram interceptados sobre uma motocicleta perto de casa no final da manhã desta quarta-feira (17/03), por 4 homens a serviço da Fibria Celulose (antiga Aracruz Celulose), e um deles foi morto com um tiro à queima roupa na cabeça.
O jovem Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, levou um tiro à queima roupa em cima do olho esquerdo que transfixou na nuca. O pai dele, Osvaldo Pereira Bezerra, “Osvaldinho”, 53 anos, teve o braço esquerdo quebrado em dois lugares em razão dos ataques sofridos pelos homens que fazem vigilância para a empresa de Celulose, que depois da união da Aracruz com a Votoratim em 16 de novembro de 2009, a empresa passou a se chamar Fibria Celulose S/A., com sua fábrica estabelecida no município de Aracruz/ES., onde domina o norte e extremo-norte capixaba e o extremo sul da Bahia com seus plantios de eucaliptos.
Os homens que promoveram o ataque contra pai e filho resultando na morte de um deles, são integrantes da empresa Garra Escolta Vigilância e Segurança Ltda., empresa de prevenção responsável pela guarda de toda a floresta da Fibria Celulose na região extremo sul. Segundo uma terceira pessoa que acompanhava as vítimas, porém a pé, os homens fizeram abordagem repentinamente e já chegaram agredindo sob acusação que o senhor e o jovem, eram os responsáveis pelos furtos constantes de madeiras da empresa na região.
Tanto a Fibria Celulose quanto a Suzano Papel e Celulose, proíbem que os trabalhadores de carvoarias e outros operários aproveitem dos restos dos eucaliptos que são deixados em meio as derrubadas, inclusive com vários episódios já registrados nesta região de perseguições e tiroteios promovidos pelos seguranças das empresas. Mesmo diante de tantas tentativas de formar associações para que as empresas possam fazer a doações dos chamados gravetos para os usuários que aproveitariam do material para carvão, o esforço não tem dado certo, pelo contrário, tem resultado em ataques, e desta vez com morte. Sendo que as empresas de celulose na região são acusadas permanentemente de cometer crimes ambientais e promover desagregação social tirando o homem do campo e empurrando-os para os centros urbanos sem dar a mínima parcela de contribuição social a estas comunidades que elas ajudam a empobrecer a cada dia.
Segundo a vítima Osvaldo Pereira Bezerra, “Osvaldinho”, 53 anos, que teve o braço quebrado pelos matadores, ele teria apelado para os homens não fazer nada mais com eles, mas teria entrado em desespero quando viu um dos homens atirando certeiramente na cabeça do seu filho e após receber as pancadas de bastão que lhe fizeram cair, teria pedido aos homens que matassem ele também. O terceiro jovem que lhe acompanhava conseguiu correr dos ataques, mas ele ficou no local tentando reanimar o filho morto. Logo que cometeram o crime, os quatro fugiram em um Fiat/Uno e voltaram ao local cerca de 40 minutos depois na companhia de outros 2 vigilantes armados, desta feita com uma ambulância e levaram o corpo do jovem, simulando que teriam prestado socorro à vítima, mesmo sabendo que o rapaz teve morte instantânea após ter levado um tiro no meio da cabeça com transfixação de projétil.
Os 4 homens da Garra que mataram o jovem em Costa Dourada a serviço da Fibria Celulose, se apresentaram logo após o crime, ao titular da Polícia Civil no município de Mucuri, delegado Sanney Simões que ainda está apurando a ocorrência do crime com a ouvida de oitivas e realizações de perícias a partir da subdelegacia de Itabatã. Os acusados disseram que o jovem morto teria lhes enfrentado após a abordagem com um moto-serra ligado a ponto de conseguir derrubar um dos vigilantes e o próprio vigilante caído se viu obrigado a executá-lo com um tiro no olho. Já o pai da vítima, teve um braço quebrado por eles, quando um vigilante utilizou um bastão numa ação de desarmá-lo de um facão que possuía na mão com qual tentava golpear o vigilante que havia matado seu filho.
A nossa reportagem perguntou e fez um teste com o senhor “Osvaldinho” e percebemos que ele é destro, ou seja, usa a mão direita para qualquer ação de primeira necessidade, contudo o seu braço quebrado é o esquerdo. “Osvaldinho” assumiu que realmente apanhava restos de madeiras de eucaliptos nos locais de derrubadas e confirma que o filho carregava uma moto-serra na mão, mas não assume que o filho tenha tentado enfrentar os vigilantes com o aparelho ligado.
O delegado de Mucuri, Sanney Simões já ouviu todos os 4 vigilantes envolvidos no episódio e os encaminhou ao Departamento de Polícia Técnica em Teixeira de Freitas, para serem submetidos a exame de pólvora combusta objetivando identificar qual deles atirou fatalmente no jovem, embora o vigilante Alexandre Santos Silva, já tenha assumido a autoria do delito. Os outros três vigilantes da guarnição são Willian Dias da Hora, Benedito Soares de Souza e Paulo Souza Falcão.
O delegado Sanney Simões disse que ainda está concluindo seu convencimento sobre o episódio e não está descartando nenhuma hipótese e aceita qualquer colaboração da comunidade em relação ao fato, se por ventura existir. Contudo, a priori diz o delegado, que existem duas linhas iniciais em torno do fato, se ação por legitima defesa ou se realmente tratou-se de um crime de execução. Mas o delegado Sanney Simões, adverte que ainda não formulou seu convencimento processante e já acionou o seu coordenador regional Marcus Vinicius e a regional da Polícia Técnica, no intuito de promover diligências e realizar todas as periciais possíveis, objetivando esclarecer os fatos em detalhes para que ele tome todas as medidas cabíveis, devidamente amparado por provas materiais concretas e cientificamente corretas.
O jovem Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, morto com um tiro na cabeça por seguranças da Garra, deixou esposa e um filho de 4 meses de idade. O episódio provocou revolta em dezenas de pessoas vizinhas ao local onde o rapaz morava, inclusive com perseguição a um carro da Garra e principalmente em Itabatã, onde os autores do crime se apresentaram a Polícia Civil. Agentes da CAEMA e da 5ª Companhia da Polícia Militar foram chamados para manter a ordem sobre a fúria de populares revoltados com o crime que se aglomeraram em frente a subdelegacia.is trabalhadores rurais, pai e filho radicados há 23 anos numa pequena propriedade rural na Praia dos Coqueiros na região da comunidade de Costa Dourada no litoral sul do município de Mucuri, foram interceptados sobre uma motocicleta perto de casa no final da manhã desta quarta-feira (17/03), por 4 homens a serviço da Fibria Celulose (antiga Aracruz Celulose), e um deles foi morto com um tiro à queima roupa na cabeça.

O jovem Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, levou um tiro à queima roupa em cima do olho esquerdo que transfixou na nuca. O pai dele, Osvaldo Pereira Bezerra, “Osvaldinho”, 53 anos, teve o braço esquerdo quebrado em dois lugares em razão dos ataques sofridos pelos homens que fazem vigilância para a empresa de Celulose, que depois da união da Aracruz com a Votoratim em 16 de novembro de 2009, a empresa passou a se chamar Fibria Celulose S/A., com sua fábrica estabelecida no município de Aracruz/ES., onde domina o norte e extremo-norte capixaba e o extremo sul da Bahia com seus plantios de eucaliptos.

Os homens que promoveram o ataque contra pai e filho resultando na morte de um deles, são integrantes da empresa Garra Escolta Vigilância e Segurança Ltda., empresa de prevenção responsável pela guarda de toda a floresta da Fibria Celulose na região extremo sul. Segundo uma terceira pessoa que acompanhava as vítimas, porém a pé, os homens fizeram abordagem repentinamente e já chegaram agredindo sob acusação que o senhor e o jovem eram os responsáveis pelos furtos constantes de madeiras da empresa na região.

Tanto a Fibria Celulose quanto a Suzano Papel e Celulose, proíbem que os trabalhadores de carvoarias e outros operários aproveitem dos restos dos eucaliptos que são deixados em meio as derrubadas, inclusive com vários episódios já registrados nesta região de perseguições e tiroteios promovidos pelos seguranças das empresas. Mesmo diante de tantas tentativas de formar associações para que as empresas possam fazer a doações dos chamados gravetos para os usuários que aproveitariam do material para carvão, o esforço não tem dado certo, pelo contrário, tem resultado em ataques, e desta vez com morte. Sendo que as empresas de celulose na região são acusadas permanentemente de cometer crimes ambientais e promover desagregação social tirando o homem do campo e empurrando-os para os centros urbanos sem dar a mínima parcela de contribuição social a estas comunidades que elas ajudam a empobrecer a cada dia. (mais…)

Ler Mais