Criminalização: representantes dos trabalhadores rurais são presos na Bahia

Tatiana Félix *

Mais um episódio envolvendo as lutas pelo direito à terra aconteceu na tarde de ontem (25) na cidade de Santa Maria da Vitória, localizada no Oeste da Bahia. Um mandado de prisão expedido pelo magistrado do Juizado Especial Cível da Comarca da cidade, Eduardo Pedro Nostrani Simão, resultou na prisão de João Cerrano Sodré, presidente do Sindicato dos Trabalhadores rurais de Santa Maria da Vitória e São Felix do Coribe, e de Marilene de Jesus Cardoso Matos, integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Bahia.

Segundo Samuel Britto, agente da CPT da Bahia, o motivo da prisão está relacionado com uma nota assinada pelos dois militantes no último dia 9, denunciando a decisão arbitrária do juiz em ação possessória que envolve as comunidades tradicionais e os grileiros da região. A ação é o mais recente ato de retaliação perpetrado pelo juiz contra as comunidades de fecho de pasto da região.
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‘Tráfico de pessoas não é um crime cometido por pobres’, diz fundadora da Organ Traffic

Tatiana Félix *

Os mitos que envolvem o tráfico de órgãos, uma das modalidades mais cruéis do tráfico de seres humanos, podem ser mais reais e assustadores do que se parece. Em diversas cidades brasileiras, e também em outros países, entidades como a Organ Traffic, fundada pela irmã Maria Elilda dos Santos, que atua no combate ao tráfico de órgãos, exemplificam as mais desumanas situações deste crime hediondo.

Córneas e rins são retirados de pacientes internados em hospitais públicos; crianças são bem tratadas em cativeiro para depois serem retaliadas; adolescentes e jovens são raptados para servirem ao comércio ilegal de órgãos. Os casos são muitos. “Já foi encontrado só o tronco de uma pessoa. Não tinha perna, braço, nada. Tiraram todos os membros”, relatou Elilda.
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Chimamanda Adichie: O perigo da história única

Tania Pacheco – Combate ao Racismo Ambiental

A escritora nigeriana Chimamanda Adichie faz um depoimento importante e algumas vezes comovente sobre como a literatura de ficção também pode ser um instrumento de exclusão e de disseminação de preconceitos. Conta como desde os quatro anos, quando lia contos e histórias ingleses, começou ela própria a escrever, falando de neve, dias cinzentos e crianças que comiam frutas européias. E, ao ir para uma universidade nos Estados Unidos, descobriu também como a África era vista por seus colegas, como se fosse um “país” único, dominado pela ignorância e pela miséria.

Sem dúvida, vale ver o depoimento. E, para acessar as legendas, basta clicar em “View subtitles”, para ter acesso à versão em Português em duas versões – do Brasil ou de Portugal.

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David Harvey: Investimento do grande capital traz problemas para cidades

David Harvey

Um dos maiores intelectuais de esquerda no mundo hoje, o norte-americano David Harvey, professor da Universidade de Columbia, critica a forma como se dão a realização de megaeventos, que acentuam o processo de exclusão nas cidades. Em sua opinião, os megaeventos são palco da origem e das soluções. Para o intelectual, o investimento do grande capital é o responsável por boa parte dos problemas sociais que sofrem as cidades. E afima que as ideias do direito à cidade precisam ser recuperadas para frear o processo de concentração de riqueza e de de aumento das desigualdades.

A entrevista foi publicada pelo Fórum Social Urbano, 24-03-2010.

Em que sentido a luta pelo direito à cidade é uma luta anticapitalista?

Quem controi a cidade, no momento atual, é o grande capital. E eles estão se apropriando dos espaços da cidade para seus interesses particulares. Às vezes realizam grandes projetos que são muito bons para eles, mas que, de fato, não fazem nada pela maioria da população. Na verdade, a maioria da população [das regiões dos projetos] é despejada por meio dessas estratégias. Então é o investimento de capital nas cidades que está criando muitos dos problemas. Você se pergunta: por que o capital continua investindo na cidade da maneira como elas estão. Isso tem muito a ver com aquilo que eu chamo de contradições internas do capitalismo em manter 3% de crescimento necessário para que, assim, continue a se reproduzir. E isso tem se tornado um problema sério para as cidades que estão evoluindo agora. (mais…)

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Contratadas da Celulose Irani no RS se envolvem em casos de trabalho escravo

trabalho escravo

Contratadas da Celulose Irani (RS), responsável por 4,5% de toda produção nacional de papel para embalagem, mantiveram, segundo inspeções do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), empregados em condições análogas à escravidão.

A reportagem é de Bianca Pyl e publicada pela Agência Repórter Brasil, 24-03-2010.

O primeiro caso, ocorrido em agosto de 2009, resultou na libertação, em São José do Norte (RS), de seis contratados por Valnei José Queirós, que prestava serviços à Celulose Irani. As vítimas, que atuavam no corte de pinus, dormiam em barracos feitos de restos de madeira e lona. Não havia instalações sanitárias. Alimentos superfaturados eram comprados em comércio indicado pelos “gatos” (aliciadores) e depois descontados dos pagamentos. Por causa das dívidas, os empregados ficavam sem receber salários.

Valnei chegou a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) proposto pelo procurador Luiz Alessandro Machado, da Procuradoria Regional do Trabalho da 4ª Região (PRT-4), que participou da fiscalização. Contudo, em setembro de 2009, no mês seguinte à primeira fiscalização, uma nova operação encontrou mais um grupo de empregados sem registro na Carteira de Trabalho e da Previdência Social (CTPS) e sem receber salários por mais de mais de dois meses atuando em Mostardas (RS) para a prestadora de serviço Comércio de Resina Queiroz, também contratada pela Celulose Irani. (mais…)

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Belo Monte. ‘Essa barragem vai acabar com a gente, vai acabar com tudo’, afirma líder indígena

Foto: Mariana Oliveira / G1
Treze famílias de índios maias que vivem na margem da Volta Grande do Xingu, no Pará, temem que a construção da hidrelétrica de Belo Monte reduza o nível da água a ponto de inviabilizar a navegação e a pesca, fonte de alimentação da população.

No projeto da usina, antes da Volta Grande a água será desviada por canais para uma área a ser alagada. Os índios avaliam que, com a mudança no curso do rio, a outra parte – a Volta Grande – deve secar.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – órgão do governo federal que participou das pesquisas para Belo Monte –, Maurício Tolmasquim, afirmou que os indígenas não serão diretamente impactados.

“O projeto original previa área inundada de 1,2 mil quilômetros quadrados e a área atual é de 516 quilômetros quadrados. Mudou justamente para evitar impactos sobre as terras indígenas”, declarou. Segundo ele, os estudos mostram que a Volta Grande pode ter vazão reduzida, mas não vai secar nem perder a navegabilidade. (mais…)

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