A contribuição das favelas para uma outra política urbana

Entrevista com Eduardo Moreno

Favela
Favela em Belo Horizonte

A quinta edição do Fórum Urbano Mundial, que acontece de 22 a 26 de março de 2010, será realizada no Rio de Janeiro, e um dos principais assuntos a ser discutido é a questão das favelas. Um dos debatedores que virá dialogar sobre este tema é Eduardo Moreno, pesquisador da UN-HABITAT. Ele, que vive no Quênia, concedeu a entrevista a seguir à IHU On-Line, por telefone, onde falou sobre as causas da incidência de favelas no mundo, as novas ideias que surgem nesses espaços urbanos e também sobre a teoria da ‘cidade compacta’. “O conceito de cidades compactas tem a ver com a utilização do transporte público, que, sem dúvida, é a solução para as grandes cidades. Também tem a ver com uma redução de espaços de realidade motorizada fazendo com que os espaços públicos tenham mais relevância e dêem soluções mais verticais de alta densidade. Tudo isso vai fazer com que a cidade, sendo mais compacta, tenha melhores possibilidades de gerar vantagens econômicas e tecnológicas em termos de economia de aglomeração”, explicou.

Eduardo Lopez-Moreno Romero é mexicano e trabalha no Global Urban Observatory da Agencia Habitat da ONU (UN-HABITAT), em Nairobi, no Quênia. É doutor em geografia urbana pela Universidade de Paris III.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Quais as causas enraizadas na incidência de favelas no mundo, hoje?

Eduardo Moreno
– Diria que existem muitas causas. Elas podem ter origem macroeconômica, vinculadas a questões estruturais, e que tem a ver com uma distribuição muito desigual da renda, do acesso à educação e com os negócios. Isso tem a ver, também, com uma distribuição muito desigual de decisões políticas e de utilização dos recursos. Recentemente, as Nações Unidas fizeram um estudo que perguntou a um certo número de pessoas em dez cidades da América Latina, dez da África e dez da Ásia quem se beneficia de cada decisão que tenha a ver com questões de reformas e políticas urbanas. A resposta nos três continentes, nas trinta cidades, foram muito similares. Cerca de 65% dos peritos dizem que as reformas e oportunidades de utilização de recursos sempre beneficiam primeiro os ricos, que são todos aqueles que representam oliquarquias históricas das cidades; e, segundo, os burocratas, aqueles que tomam decisões importantes.
(mais…)

Ler Mais