Mais uma: “RJ muda edital do Maracanã após suspeita sobre empresa de Eike”

Presidente da IMX, Alan Adler (centro), junto com Eike Batista: interessados no Maracanã

Vinicius Konchinski, do UOL, no Rio de Janeiro

Dois dias depois do MPF (Ministério Público Federal) e do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) entrarem com uma ação judicial para suspender a privatização do Maracanã, o governo do Rio de Janeiro resolveu alterar o edital da licitação.

Conforme informou o UOL Esporte, promotores e procuradores apontaram na última segunda-feira problemas na concorrência pelo controle do estádio e indícios de favorecimento à IMX, empresa do bilionário Eike Batista. Depois disso, na quarta, o governo mudou as regras e permitiu que mais companhias disputem a concessão do espaço.

A mudança no edital do Maracanã foi publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro. Com ela, o governo abriu um novo período de visitas técnicas ao complexo esportivo, na segunda e terça-feira da semana que vem.

Realizar uma visita técnica ao estádio é uma das exigências para que uma empresa possa participar da licitação do Maracanã. Na prática, portanto, companhias que não haviam visitado o complexo e já estavam fora da concorrência poderão agora voltar à disputa.

Inicialmente, o edital de privatização do Maracanã determinava que as visitas técnicas seriam realizadas somente entre os dias 5 e 7 de março e deveriam ser agendadas com o governo com dois dias úteis de antecedência. Mas esses prazos e datas obrigaram empresas a confirmar a visita quatro dias após a publicação do edital da licitação, divulgado no dia 25 de fevereiro.

Essa regra foi um dos erros apontados pelo MPF e o MP-RJ na licitação do estádio. Segundo o governo 19 companhias realizaram a visita técnica durante a data prevista inicialmente no edital (confira a lista abaixo). Para os promotores e procuradores, porém, mais companhias poderiam ter cumprido essa exigência caso a regra do edital desse um prazo maior.

“A designação de data específica para visita técnica já é uma restrição excessiva à competitividade do certame”, declararam os membros do Ministério Público em ação encaminhada à Justiça.

Essa “restrição à competitividade” foi um dos motivos que levaram o MPF e o MP-RJ a defender a paralisação imediata do processo de privatização. O processo está sendo examinado pela Justiça Federal. Como há um pedido de decisão liminar, a qualquer momento a licitação do Maracanã pode ser suspensa.

Outros problemas

Na ação, o Ministério Público também aponta outros problemas que podem prejudicar uma concorrência justa entre as empresas interessadas no Maracanã. O fato de o estudo de viabilidade da concessão do estádio e seus anexos não ter sido amplamente divulgado é uma falha no processo de privatização do complexo esportivo, segundo os promotores e procuradores.

O estudo foi feito pela IMX, de Eike, que é uma das interessadas no Maracanã. Ele foi encomendado pelo governo e baseou a elaboração do edital de licitação. Na visão do Ministério Público, se todas as empresas não têm acesso facilmente a esse estudo, a IMX sai favorecida na disputa pelo estádio por ter mais informações.

“A omissão dessas informações gera evidente risco de desequilíbrio entre os concorrentes, dado que somente uma empresa, a IMX, dispõe de todas as informações que fundamentaram a fixação do valor do investimento”, afirmaram o MPF e o MP-RJ. “A empresa em questão já manifestou publicamente interesse em assumir a gestão do Maracanã.”

Explicação

Procurado pelo UOL Esporte, o governo do Rio de Janeiro ignorou a ação civil pública do MPF e MP-RJ e disse, através de sua assessoria de imprensa, que a mudança no edital no Maracanã foi motivada pelo pedido de uma empresa, a Dimensional Engenharia: “Houve a solicitação de uma empresa para realizar visita técnica. O governo decidiu atender e abrir para outras empresas participarem.”

Sobre a ação em si, o governo do Rio informou que ainda não foi notificado. Por isso, não iria se manifestar.

Confira abaixo a lista das empresas que já visitaram o Maracanã e, portanto, devem participar da licitação:

– Grupo Construcap
– Construtora OAS S.A
– EBX Esporte e Entretenimento LTDA
– IMX Holding S.A
– EBX Holding LTDA
– IMX Venues e Arenas S.A
– Construtora Norberto Odebrecht S.A
– Odebrecht Properties Entretenimento S.A
– AEG Administração de Estádios do Brasil LTDA
– OAS Arenas S.A
– OAS S.A
– Arena do Brasil LTDA
– Stadion Amsterdam N.V – Grupo Arena
– Aecom do Brasil LTDA
– Golden Goal Sports Ventures
– Pepira Empreendimentos e Participações LTDA
– Tecnenge Tecnologia de Engenharia LTDA
– Construtora Norberto Odebrecht Brasil S.A
– Odebrecht Participações e Investimentos S.A

http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/03/22/apos-suspeita-de-favorecimento-governo-muda-privatizacao-do-maracana.htm

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