Nesta quinta-feira (27/11), mais de 1200 Sem Terra chegaram à capital Maceió para cobrar das autoridades a punição aos mandantes e assassinos de trabalhadores Sem Terra em Alagoas, e pautar a Reforma Agrária como condição para a garantia de vida digna ao povo do campo.
Logo de início, os trabalhadores rurais ocuparam durante toda a tarde desta quinta a agência do Banco do Brasil, para negociar a agilidade no acesso à habitação rural.
Também reivindicam na agência um retorno para o início das obras das casas nos assentamentos do estado, que há quatro meses estão com os processos parados no banco.
“Como se não bastasse passarmos cinco, dez anos esperando a terra, embaixo da lona preta, depois de assentados ainda somos obrigados a esperar mais tempo para termos nossas casas construídas. Moradia é um direito e estamos aqui para que ele se efetive, com mais agilidade e menos burocracia”, afirmou José Roberto, da direção nacional do MST.
Nesta quarta-feira (26), o Movimento também ocupou, com centenas de manifestantes, o Cartório da cidade de Teotônio Vilela, pressionando pela liberação das terras do antigo banco estadual Produban, que ainda não se tornaram assentamentos de Reforma Agrária por ação do cartório local.
Os trabalhadores e trabalhadoras rurais ressaltaram o entrave, relatado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da liberação de documentação dos imóveis já decretados pelo governo do estado para criação de assentamentos.
A partir da mobilização dos Sem Terra, o cartório do município comprometeu-se em emitir toda a documentação necessária até o próximo dia 15/12, e entregá-lo ao Incra.
Dia Nacional de lutas
Com mobilizações de camponeses vindos de todas as partes do estado, o MST em Alagoas dá início neste sábado (29) às atividades do Dia Estadual de Luta contra Violência e Impunidade no Campo e na Cidade.
A data foi escolhida pelo Movimento após o assassinato, em 2005, do membro da direção estadual Jaelson Melquíades, morto em Atalaia por pistoleiros sob comando de fazendeiros.
Os milhares de trabalhadores rurais ergueram um acampamento na Praça Sinimbú para cobrar do poder público a efetivação da política de Reforma Agrária, “que vai além de apenas criação de assentamentos, mas compreende acesso a outros direitos, como é o caso da habitação”, destacou José Roberto.
Os militantes associam a violência vivida no campo à morosidade na Reforma Agrária e na resolução de conflitos. Esta antiga pauta e outras demandas estruturais para o campo alagoano estão no bojo das bandeiras do MST para o próximo período.
Um novo mandato presidencial reabre a possibilidade de influência da sociedade sobre as políticas a serem executadas. Em relação ao estado alagoano, as expectativas são de que o governo priorize investimentos estruturais para os assentamentos e a pequena agricultura.
“Assim, vamos poder cumprir o nosso papel de produzir alimentos saudáveis para alimentar o povo alagoano, vivendo com qualidade de vida no campo, e contribuindo para fortalecer um novo tipo de desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Mas isso só é possível se o poder executivo priorizar políticas públicas”, disse o dirigente.
Ainda segundo José Roberto, “para o MST, a prioridade está na mudança global de modelo de produção no campo, com o fim do latifúndio e a criação de assentamentos, que possibilite uma transição para um sistema agroecológico”.