Por Ana Flavia Magalhães Pinto, em População Negra e Saúde
Estava previsto para hoje o lançamento oficial da campanha “SUS sem Racismo”, a se realizar durante a reunião da Comissão de Intergestores Tripartite (CIT). A despeito da seriedade da ação, convites foram enviados apenas ontem por volta das 17h30. Esses, todavia, foram pouco depois cancelados.
A razão para tanto é que o Ministério da Saúde decidiu pela suspensão da Campanha. As peças produzidas previam intervenção nos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol, comerciais de TV (até mesmo no intervalo do Jornal Nacional), inclusão do item nos espaços de comunicação do Ministério da Saúde, entre outras.
Uma vez que vários ministros já reconheceram a arraigada presença do racismo no SUS, a Campanha SUS sem Racismo viria como uma estratégia para estimular os usuários a denunciarem as práticas discriminatórias, uma vez que a solução do problema passa pela identificação detalhada de como ele acontece e pelo desenvolvimento de medidas voltadas à transformação de atitudes e comportamentos. Nas últimas semanas, houve até mesmo uma capacitação de atendentes do Disque Saúde (136), a fim de que a equipe estivesse minimamente preparada para receber e encaminhar corretamente as queixas.
Todo esse esforço, porém, corre o risco de se perder. Afinal, não é a primeira vez que uma campanha de combate ao racismo no âmbito do SUS é organizada e depois engavetada pelo Ministério. Após questionamentos feitos ao longo do dia, recebemos a resposta de que o lançamento da Campanha foi apenas adiado. Mas o fato de não indicarem a previsão de uma nova data só reforça a apreensão criada em torno da resolução. Quem acompanha os sucessivos entraves postos à Política Nacional de Saúde da População Negra sabe muito bem aonde isso pode levar: ao nada.
Convidamos, pois, que visitem as páginas no Ministério da Saúde e a fanpage SUS sem Racismo e manifeste sua opinião.
O SUS é de todos @s brasileir@s e o racismo tem impedido que isso se torne uma realidade.