Propriedades estão dentro da Terra Indígena Yanomami. Abrão Pires Mateus será o primeiro fazendeiro a deixar a área.
Vanessa Lima, do G1 RR
A Fundação Nacional do Índio (Funai) começou a fazer a retirada dos fazendeiros que ocupam áreas na região do Ajarani, dentro do perímetro da Terra Indígena Yanomami, no município de Caracaraí. Os três lotes ocupados por Abrão Pires Mateus serão recebidos nesta quinta-feira (2). Ele será o primeiro a deixar a área.
No mês de março, o Ministério Público Federal de Roraima (MPF/RR) emitiu recomendação ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama/RR) para que uma fiscalização fosse realizada na região e os fazendeiros notificados a se retirarem da área.
Segundo o procurador da República Fernando Machiavelli Pacheco, autor da recomendação, seis fazendeiros que atuam em 12 fazendas de boa fé, serão indenizados em R$1,5 milhão – valor dividido entre eles e já depositado pela Funai.
A Hutukara Associação Yanomami confirmou o depósito referente as benfeitorias que foram construídas nas áreas ocupadas por Mateus. De acordo com a representação indígena, com a retirada do primeiro fazendeiro, ainda restam cinco ocupantes para serem retirados da área.
“As benfeitorias que foram consideradas construídas de má fé pela Funai, como por exemplo, áreas de desmatamento sem autorização do Ibama, áreas além dos lotes dos ocupantes e as ocupadas depois dos dois levantamentos fundiários realizado pela Funai, não serão pagos”, informa a Hutukara.
O coordenador regional da Funai, André Vasconcelos, informou que existe apenas uma ocupação considerada de má fé na região do Ajarani que não será indenizada. “O depósito já foi feito para todos os demais ocupantes. A maioria exigem a correção dos valores, mas eles precisam deixar a área e requisitar essa correção, é um direito deles”, destaca.
A retirada dos fazendeiros da região do Ajarani é uma reivindicação antiga dos Yanomami. Mesmo após a homologação da terra indígena, em 1992, os ocupantes permaneceram nos locais. No Dia do Índio (19), os indígenas se reuniram em uma manifestação pacífica cobrando solução imediata para o impasse. As ocupações ficam na BR-210, mais conhecida como Perimetral Norte.