Houve um tempo, não muito distante, em que cabelos brancos indicavam amadurecimento, razoável capacidade de discernimento, responsabilidade, respeito. A frase da canção de Nelson Gonçalves: “respeite ao menos meus cabelos brancos”, ilustra bem essa relação. De maneira que não é menos do que aterrorizador ver essa imagem, que traz um cartaz no qual se lamenta que a atual presidente do Brasil não tenha sido “enforcada” (como foi o destino de Herzog e de outros muitos) pelo regime militar e por sobre o qual sobressaem os cabelinhos brancos de um vovô ou de uma vovó, como dizia Marx, em “odor de santidade”.
A hedionda imagem expõe uma aberração absolutamente impublicável e um ódio sem medida que só pode brotar de uma alma necrosada, apodrecida. Só a insanidade e/ou a mais completa ignorância podem justificar tamanha falta de senso. Não terão sido suficientes as lições deixadas por terríveis experiências de violências, de tortura, escravidão e extermínio, de campos de concentração e dizimação de povos e comunidades inteiros que deixaram na história caudalosos rastros de sangue? (mais…)