A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, manifesta, em primeiro lugar, a sua solidariedade aos familiares e aos povos kaiowá e guarani, diante o assassinato do líder Simião Vilhalva, acontecido no dia 29 de agosto último, na Terra Indígena Ñande Rú Marangatú, em Antonio João, Estado de Mato Grosso do Sul, por ação direita de fazendeiros da região, numa verdadeira operação de guerra, liderada pela presidente do Sindicato Rural de Antônio João, Roseli Maria Ruiz. Neste território sagrado já tombaram Marçal de Souza Tupã’i, em 25 de novembro de 1983, Dorvalino Rocha, em 24 de dezembro de 2005, ano em que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu os efeitos do decreto de homologação desta terra indígena. (mais…)
Month: agosto 2015
Acampamento em MT é alvo de despejo; dois vereadores foram detidos
Policiais da cavalaria e helicópteros estão no local e dois vereadores foram detidos em despejo de área do MST
Policiais Militares cumprem ao longo da manhã desta segunda-feira (31) liminar de reintegração de posse deferida ao proprietário da fazenda Nossa Senhora Aparecida, no município de Jaciara, ocupada pelo MST desde o dia 13 de julho. Dois vereadores do município de Jaciara que estavam no local foram detidos. (mais…)
Nova onda de democratização, por onde recomeçar?
Cândido Grzybowski*
Já cansei de tentar entender os movimentos erráticos da conjuntura política. Tudo se move para todos os lados. Uma confusão só, pois ninguém no centro das disputas, da situação ou oposição, sabe para onde ir. A ocasião é para os oportunistas de plantão, com seus pequenos interesses, com iniciativas de desconstrução de direitos, instituições e políticas, uma verdadeira ameaça para a institucionalidade democrática, que foi difícil de conquistar. Ganham fundamentalistas religiosos, com suas agendas nada republicanas contra o Estado laico, a agenda igualitária, sem discriminações, os direitos de minorias desfavorecidas. Ganham, também, os defensores de poderosos interesses corporativistas, como do agronegócio, da mineração, da bala e da repressão, do funcionalismo. Tudo na mais descarada negociação do “toma lá e dá cá”, apesar de investigações como a Lava Jato. Digo e reafirmo, estamos numa profunda crise de hegemonia, onde há, sim, forças políticas e disputas, mas lhes falta legitimidade, falta a elas uma direção política, uma afirmação de projeto de país que dá sentido e rumo. Talvez o clamor mais claro das ruas – por sinal, elas mesmas uma grande erupção confusa -, de um lado e outro, é a contestação da representação política. (mais…)
Prisões do Brasil. Um pacote de equívocos que gera e mantém o caos. Entrevista Especial com Julita Lemgruber
“Toda legislação, toda norma de funcionamento da prisão, é basicamente masculina. A questão de gênero, que deveria atravessar todo o funcionamento do sistema penitenciário e deveria ser transversal a todos os demais campos, não é considerada”, constata a pesquisadora
Por Leslie Chaves – IHU On-Line
A combinação entre uma legislação que agrava penas e contribui para a superlotação dos presídios e a morosidade judicial que obstrui o fluxo de entrada e saída de encarcerados dos presídios é o principal fator que gera e sustenta a situação caótica do sistema prisional brasileiro. A análise é da socióloga Julita Lemgruber, que desde os anos 1980 estuda o tema e afirma que esse cenário se mantém inalterado ao longo de décadas. De acordo com a pesquisadora, os principais punidos por esta estrutura são os que estão na base da pirâmide social do país. “Aqui quem acaba sendo penalizado com a pena de prisão, com raríssimas exceções, são os pobres, os negros, aqueles que moram nas periferias, enfim, quem não tem voz nem poder nessa sociedade”, aponta. (mais…)
Quem incentivar ‘ódio’ entre ruralistas e índios pode parar na justiça, alerta Governo
Governo quer identificar quem estimula conflito entre fazendeiros e índios
Por Mayara Bueno, em Midiamax
O governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), quer identificar pessoas que estimulam os conflitos entre indígenas e fazendeiros em Mato Grosso do Sul. Nesta segunda-feira (31), Reinaldo se reuniu com o Exército e a Polícia Federal, para discutir estrategias de atuação na região de Antonio João.
Para ele, há pessoas que acirram os ânimos entre os dois lados. No sábado (29), o conflito resultou na morte do indígena Semião Fernandes Vilhalva, de 24 anos. Segundo relatos, ele estava bebendo água em um córrego que passa por uma das propriedas ocupadas e foi atingido pelos tiros na cabeça. De acordo com a PM (Polícia Militar), os disparos teriam partido de um revólver calibre 22. (mais…)
Na cama procustiana de Dilma
Por Gilberto Vieira, secretário nacional do Conselho Indigenista Missionário – Cimi
Antes que alguém faça qualquer associação maldosa ou distorcida, vinculando este texto ao leito presidencial, uma nota:
Segundo o mito grego, Procusto era um malfeitor que morava numa floresta na região de Elêusis, península da Ática, Grécia. Conta o mito que ele mandou fazer uma cama de ferro com exatamente as medidas do seu próprio corpo, nem um milímetro a menos ou a mais. Quando capturava alguém na estrada, ele amarrava naquela cama. Se a pessoa fosse maior do que a cama, ele simplesmente cortava fora o que sobrava. Caso fosse menor, ele a esticava até se ajustar ao tamanho da cama – “justa medida”. Ao que tudo indica, mais uma vez o mito encontra sua âncora firme na realidade, ou nos ajuda a entendê-la melhor. (mais…)
Quem é quem no conflito contra os Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul
Por O Indigenista
A situação é de extrema tensão no município de Antonio João, Mato Grosso do Sul, há mais de uma semana e se agravou com o ataque ruralista aos Guarani Kaiowá em sua Terra Indígena Ñanderu Marangatu, já homologada, porém aguardando uma série de ações judiciais impetradas pelos ruralistas.
Mas quem são estes ruralistas? Quem atacou os Guarani Kaiowá?
Saiba quem é quem no conflito que se criou no Mato Grosso do Sul financiado pelo Sistema Ruralista.
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Centenas de camponeses, indígenas e afro-colombianos tomam Bogotá
Colombia Informa / Adital
De 30 de agosto a 05 de setembro, Bogotá se converte na sede de uma delegação regional formada por cerca de 5 mil camponeses, indígenas, afro-colombianos e moradores urbanos. Eles/as chegam de todos os cantos do país para exigirem o cumprimento, por parte do governo, dos oito pontos da lista de exigências da Cúpula Agrária, acordados em setembro de 2013.
As Jornadas de Indignação Campesina, Étnica e Popular, nome da mobilização, têm o propósito fundamental de adiantar diálogos com diferentes setores industriais e com algumas pastas do governo nacional. Marly Torres, integrante da comissão política da Cúpula, afirma que “este cenário de unidade se soma aos chamados por justiça social que tem liderado o movimento popular”. (mais…)
Preso na Febem quando adolescente, professor universitário denuncia prejuízos da redução da maioridade penal
Cristiano Morsolin – Adital
O professor doutor Roberto da Silva, docente do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), foi uma criança internada e privada de sua liberdade na Febem [Fundação Estado do Bem Estar do Menor] de São Paulo. Já adulto, ativou uma campanha de mobilização internacional, que teve como resultado o fechamento dessa entidade estatal, denunciada pela Anistia Internacional como lugar de abuso policial. Ele sabe bem o que é a violência institucionalizada do Estado e fala sobre os efeitos negativos da redução da maioridade penal no Brasil, em tramitação no Congresso Nacional. (mais…)
Um negro em eterno exílio, por Eliane Brum
A longa travessia de Carlos Moore, o ativista e intelectual que denunciou o racismo em Cuba e passou a vida perseguido pelos dois lados da Guerra Fria, até chegar ao Brasil e encontrar um país mergulhado numa crescente tensão racial
Eliane Brum* – El País
Aos 22 anos, Carlos Moore já tinha vivido mais do que a maioria das pessoas numa existência inteira. Já tinha conhecido a fome e a violência na pequena cidade cubana onde nasceu, já tinha desejado não ser preto e se esforçado por alisar o cabelo, clarear a pele com produtos arriscados e desachatar o nariz com prendedores, já tinha emigrado para os Estados Unidos e descoberto a luta pelos direitos civis, já tinha se apaixonado por Patrice Lumumba, o célebre líder congolês, e planejado um atentado ao consulado belga em Nova York para vingar-se de seu assassinato, já tinha se encantado com a revolução depois de um encontro com Fidel Castro, já tinha se tornado comunista e voltado a Cuba para colaborar com o processo revolucionário, já tinha descoberto que o regime cubano era tão racista quanto aquele que tinha derrubado, já tinha sido encarcerado uma vez por denunciar que o racismo persistia na revolução, já tinha sido condenado a quatro meses num campo de trabalhos forçados uma segunda vez pelo mesmo motivo, depois de abordar o próprio Fidel Castro em público, já tinha feito uma confissão, para não ser morto, de que havia se equivocado e de que não havia racismo em Cuba, já tinha se refugiado na embaixada da Guiné quando percebeu que seria executado de qualquer modo, já tinha fugido para o Egito e depois para a França, sem nenhum documento, já tinha sido rejeitado por um Jean-Paul Sartre convencido de que ele era “agente do imperialismo”, já tinha sido acolhido por um dos ideólogos da negritude, o grande poeta surrealista martinicano Aimé Césaire, já tinha virado segurança do ativista negro Malcolm X, quando este esteve em Paris, e já tinha sofrido de todas as formas pelo seu assassinato. Isso tudo aconteceu até os seus 22 anos. Depois, aconteceu muito mais. (mais…)