Lema ruralista em Amambai: Direito de propriedade é a lei número 1 que tem de ser respeitada

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

A Aty Guasu lançou hoje Nota sobre reunião mantida ontem por fazendeiros no Sindicato Rural de Amambai, antes de partirem para a área de Kurusu Amba retomada pelos Guarani Kaiowá.  A nota se baseia em notícia do site A Gazeta News e diz que os ruralistas “planejaram ataque às comunidades indígenas na frente de autoridades policiais”. A denúncia é parcialmente verdadeira: não eram só policiais; autoridades mais altas estavam presentes, de acordo com A Gazeta. 

O vídeo abaixo é um dos quatro divulgados na matéria citada pela Aty Guasu. Os três minutos finais merecem ser vistos e ouvidos, particularmente. O discurso em questão deixa bem clara a concepção de mundo hegemônica na reunião, da qual parte dos presentes saiu diretamente para a fazenda Madama, onde aconteceu o confronto. Transcrevemos seu início, a partir do 9º minuto. O grifo é nosso:

“Nós temos que fazer um divisor de água. Nós temos que sair desta reunião com uma demonstração: ‘Olha aqui, nós estamos aqui, e não é assim que qualquer um vai chegar e invadir a nossa propriedade, não’. Nós temos que respeitar as minorias, temos que respeitar as vias (?), temos que respeitar, porque acima de tudo nós somos racionais. Nós não podemos ir além da lei. E a lei número 1 no nosso caso chama-se “direito de propriedade”. Essa é a lei número 1 que tem de ser respeitada. Depois é que vêm as outras leis, os direitos humanos e tudo isso, [que] nós temos consciência que nós temos como cidadãos obrigação de respeitar”.  

Segundo A Gazeta, dentre as autoridades, estavam presentes o vice-prefeito de Amambai, representando o Poder Executivo; o presidente da Câmara Municipal, vereador Jaime Bambil Marques; o comandante da 3ª Companhia Independente de Polícia Militar, major Josafá Dominoni; o diretor do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) em Dourados, tenente-coronel Ary Carlos Barbosa; e o delegado regional de Polícia Civil, Clemir Vieira Junior.  Não há registro de protesto por parte deles.

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