Indígenas Ka’apor da Terra Indígena (TI) Alto Turiaçu, no Maranhão, continuam sofrendo ameaças e intimidações devido às denúncias de exploração madeireira no território. Na última sexta-feira (29) uma das principais lideranças do Conselho de Gestão Ka’apor, não identificada por razões de segurança, foi cercada por uma caminhonete e um carro pequeno, na estrada de acesso à aldeia Ximborendá (à qual pertencia a liderança assassinada Eusébio Ka’apor), saída do município de Santa Luzia do Paruá.
O carro onde estava a liderança e outras duas pessoas foi perseguido pelos veículos desde a cidade até a entrada da aldeia, onde dispararam tiros. “Parece que atiraram pra cima, pra assustar mesmo. Aí eu acelerei o carro e atravessei bem rápido por um lugar onde tinha outros parentes trabalhando pra recuperar um bueiro da comunidade”, explica. Depois de passar pelo local onde os indígenas trabalhavam, os carros deixaram de segui-lo. “Se a gente estivesse de moto podiam ter matado”.
Os Ka’apor relatam que na mesma semana dois indígenas foram abordados por três homens armados na estrada que liga o município de Araguaña ao povoado de Betel – onde suspeitam ser a localidade do assassino de Eusébio. Os homens teriam dito que trabalhavam com madeireiros que estão desmatando uma área dentro da TI e que tirariam a madeira no verão. “Disseram que não era pra gente falar nada para as lideranças que estão denunciando os madeireiros, senão vão invadir nossa aldeia com muitos tiros e ‘ matar todos os índios da aldeia’”, disse um dos indígenas.
Três das oito áreas de proteção – criadas para impedir a entrada de madeireiros no território – foram desativadas nas últimas semanas devido às ameaças sofridas pelas 25 famílias que ocupavam as aldeias. “As pessoas tiveram que retornar para as aldeias de origem e a entrada para os agressores ficou livre, já estão extraindo a madeira da nossa floresta de novo”, explica uma liderança do Conselho de Gestão.
Vulneráveis à ação de criminosos que devastam a TI, os indígenas cobram segurança dos órgãos públicos “Não podemos ficar esperando parecer das investigações do assassinato do Eusébio, precisamos de ações que nos dêem segurança para andarmos livremente no território e para cidade quando a gente precisar”, reforça uma das lideranças.
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Foto: Ruy Sposati