Avante mulheres de todo o planeta, em defesa da vida!

Por Ivonete Gonçalves de Souza*

Quero aqui prestar minha homenagem às mulheres, através das grandiosas companheiras da Via Campesina​, que ocuparam o viveiro da SUZANO e a sessão da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, ontem, dia 5 de março,  para protestar contra a aprovação dos TRANSGÊNICOS. Ato que representa a consciência da vida e a responsabilidade com as futuras gerações! Aproveito para expressar minha gratidão, e a minha solidariedade. Se não houvesse este ato, a sociedade certamente não teria a oportunidade de saber da existência dos transgênicos e, em especial, o eucalipto! Faço coro das palavras da companheira do MST, Atiliana Brunetto: “o mais importante é que conseguimos levar esse debate à sociedade. Não fossem essas ações, muito provavelmente o cultivo de eucalipto transgênico teria sido liberado sem que a sociedade nem se desse conta, e toda a população pagaria o preço”.

A CTNBio aprovou, irresponsavelmente, a autorização para plantio e consumo humano (e animal) de variedade de milho tolerante aos venenos agrícolas Haloxifope e 2,4-D. Estudos mostram que estes herbicidas “podem causar alterações endócrinas, ativarem células cancerígenas, provocarem  impactos teratogênicos e carcinogênicos”, e que por isso estão sendo proibidos em diversos países do mundo enquanto aqui, paradoxalmente, poderão vir a ser incorporados à cadeia de consumo humano, através de lavouras de milho.

“Os estudos apresentados para atestar a inocuidade do milho, que será banhado com os venenos antes de ser transformado em alimentos servidos a nosso consumo, foram realizados com partes de lavouras colhidas na ausência dos herbicidas e com proteínas extraídas não do milho, mas de bactérias do solo, durante curto espaço de tempo”, afirmam diversos pesquisadores. E desta forma não poderia ser prepotentemente aprovada, por uma comissão técnica, em nome de cerca de 203 milhões de brasileiras e brasileiros (IBGE 2014).

O eucalipto transgênico, dentre outros danos, “comprometerá a disponibilidade hídrica e atividades envolvendo apicultura”. Problemas para as populações de abelhas “significa(m) problemas para os sistemas de produção de alimentos, já que as mesmas são responsáveis pelo processo de polinização”. O CTNBio colocou em pauta para votação, o eucalipto transgênico sem estudos a respeito dos recursos hídricos, implicações para as bacias hidrográficas ou os impactos que trará para as dezenas de variedades de abelhas, que se juntarão a outras dezenas de impactos da plantação de eucaliptos, espalhados por todo o País. Uma das consequências sabidas sobre a aprovação e materialização do eucalipto transgênico é que o Brasil perderá os mercados e a certificação de segundo exportador mundial de mel orgânico.

Esta ação, é resultado do avanço das Empresas Multinacionais, como Bayer, Monsanto, Dow, Du Pont do Brasil S/A, Syngenta, SUZANO, etc., fruto da dominação política, da política neoliberal, que assola o país e o mundo neste momento.

Assim, aproveitando a movimentação em torno de 8 de março, DIA INTERNACIONAL DA MULHER, conclamo a todas as mulheres que lutemos juntas contra os TRANSGÊNICOS, ou GENETICAMENTE MODIFICADOS, pois assim, como reprodutoras da VIDA, estaremos preservando o futuro das próximas gerações. Não podemos permitir que o “tecnicismo” do voraz Capitalismo imponha suas “verdades”, para transformar tudo em mercadorias, inclusive a VIDA!

Diante desta ameaça, dia 8 de março, ao invés de parabéns, diremos:

DIGA ÀS MULHJERES QUE AVANCEM! … EM DEFESA DA VIDA!

Extremo sul da Bahia, 06 de março de 2015.

*Ivonete Gonçalves de Souza é Coordenadora Executiva do Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul – CEPEDES/BA e ativista da CAMPANHA CONTRA OS AGROTÓXICOS E PELA VIDA! Mestranda em Saúde Coletiva pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca – ENSP/FIOCRUZ.

Foto: Cerca de 1.000 mulheres do MST ocuparam a empresa Suzano, em Itapetininga, em SP. (MST)

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