Cientistas descobrem que índios brasileiros tinham ascendência polinésia

BotocudoAnálise de dois botocudos que viveram no Brasil antes do desembarque dos europeus revela que 100% dos genes deles eram de habitantes das ilhas no Oceano Pacífico

Por Isabela de Oliveira, no Correio Braziliense

Ao contrário de outros animais, os humanos conseguiram ocupar quase todos os espaços terrestres em que a vida é viável. Como os ancestrais executaram isso, entretanto, é um tema que continua desafiando os estudiosos. Agora, uma equipe internacional de pesquisadores, entre eles brasileiros, achou indícios de uma parte intrigante desse capítulo: índios botocudos, distribuídos na Bahia, no Espírito Santo e em Minas Gerais, têm traços genéticos idênticos aos dos polinésios, que estão do outro lado do mundo, no Pacífico.

A descoberta traz um novo cenário à história da América pré-colombiana. Indica que Cristóvão Colombo pode não ter sido o grande descobridor do Novo Mundo, mas viajantes polinésios. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram crânios de dois índios botocudos — chamados Bot15 e Bot17 —, guardados no Museu Nacional do Rio de Janeiro desde o século 19. A análise genômica dos indivíduos que viveram em Minas Gerais mostrou que eles não tinham nenhum gene de outros nativos da América.

A pesquisa, cujos resultados foram publicados na revista Current Biology, é a continuação de uma investigação de 2013 conduzida pelo mesmo grupo. “O estudo anterior foi limitado a uma região muito pequena do genoma e, portanto, não podia excluir que os indivíduos tinham tanto a ascendência nativa americana quanto a polinésia. O novo trabalho examina todo o genoma desses indivíduos e, com isso, descobrimos que os dois têm 100% de ascendência polinésia”, conta Mark Stoneking, coautor e pesquisador do Departamento de Antropologia Evolutiva do Instituto Max Planck, na Alemanha.

Do Museu de História Natural da Dinamarca, Eske Willerslev, um dos autores principais, explica que a primeira fase do estudo mostrou que os índios tinham DNA mitocondrial — herdado da linhagem materna — polinésio. O segundo trabalho constatou que o genoma nuclear — aquele que codifica a maior parte do genoma — também tinha origem no pacífico. “Ou seja, o pai e a mãe desses indivíduos eram realmente polinésios, além dos ancestrais”, completa.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Rita Vieira.

Comments (4)

  1. Dei uma rápida olhada e parece ser bem interessante, Mauri. Ótima indicação.
    Vou olhar com calma assim que conseguir um tempo para isso. Mas obrigada!
    Tania.

  2. Existe um arquivo na net que se chama The Kaingang (Brazil) Seem
    Linguistically Related to Oceanic, que trata da comparação entre a lingua Kaingang com linguas da polinésia, o fato é que toda a zona desde o Rio Grande do Sul,sempre pela área serrana, passando por SC, PR, SP, RJ até a Bahia era dominada por grupos pertencentes ao tronco Gê, que diferenciava do tupi.
    Populations*http://www.math.bas.bg/~peri/JUL07.pdf

  3. Caríssima Rita Vieira,
    sou antropólogo e andei pesquisando a um tempo alguns indígenas em Minas Gerais. Desconfio que esta pesquisa tem a ver com eles. Não eram botocudos, mas puris. Gostaria de ler o artigo, entretanto tem disponível na internet pelo preço de 31 dólares, caríssimo. Por acaso vc o tem disponível? Grato,
    Oswaldo

  4. Aqui em Minas houve um movimento de retorno de um cranio do indigena Qack levado peos do seculo XIXlo Principe Maximiliano para a Alemanha.Veio o Consul e sua comitiva ate a cidade de Jequitinhonha,onde Quack foi recebido com honras militares ,na sede do antigo Quatel da Guerra Justa aqui ocorrida em inicio do seculo XIX.Seu cranio encontra-se em exposição na aldeia Atorã,no territorio
    Krenak em Minas gerais.No tragico lugar de onde partiam os soldados foi erguido um memorial com o nome de todos os povos presentes!

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