Por Jacqueline Freitas, FCP
A noite de 18 de novembro em Maceió não poderia ter começado com notícia melhor: o reconhecimento da capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A boa nova foi anunciada pelo superintendente interino do Iphan em Alagoas, Sandro Gama, ao iniciar a série de palestras e debates “Rota da Capoeira”, evento da programação da FCP para a Semana da Consciência Negra que prossegue no dia 19 em União dos Palmares.
Na capital alagoana, os debates abordaram o tema “Roda de sotaque candomblé, capoeira e samba: um giro pela história e cultura negra no Brasil”, com a participação de mestre Moraes, de Salvador, entre outras personalidades desses segmentos. Presidente do Grupo de Capoeira Angola Pelourinho, mestre Moraes está entre os capoeiristas consagrados no cenário mundial. Ele também é pesquisador acadêmico e já ganhou um prêmio Grammy.
Sobre o tema da noite, ficou patente que, assim como o samba e o candomblé, a capoeira é uma ressignificação africana na diáspora. Todos são resultado de um processo híbrido de culturas que aqui chegaram e precisaram se unir para sobreviver. Por isso mesmo, para mestre Moraes, nenhuma dessas manifestações culturais afro-brasileiras pode se considerar “pura”.
A banalização da capoeira e da titulação de mestres foi apontada nos debates como assunto preocupante. Longe de ser considerada apenas como uma dança, a capoeira tem fundamentos sócio-políticos que, para mestre Moraes, vêm sendo esquecidos por muitos praticantes.
O evento em Maceió superou as expectativas de participação, lotando o auditório da Casa do Patrimônio, sede do Iphan em Alagoas.