A 9ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul foi aberta ontem (11), no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), na região central do Rio. Até domingo (16) serão exibidos 41 filmes, com sistema closed caption, que mostra legendas para facilitar o entendimento de pessoas com deficiência auditiva e sessões que incluem audiodescrição para atender a pessoas com deficiência visual. A mostra terá ainda debates sobre direitos humanos, com produções que têm, entre outros, temas como a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros) e enfrentamento da homofobia, questões culturais e territoriais da população indígena e direitos da pessoa com deficiência.
Os filmes serão divididos na Sessão Inventar com a Diferença e nas mostras Competitiva, Homenagem a Lúcia Murat e Memória e Verdade, que têm produções que abordam o golpe de 1964. Entre elas, Setenta (2013), de Emília Silveira Brasil, e Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho. Para a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, é importante abordar o tema, principalmente, porque o golpe civil-militar completou 50 anos, e porque surgiram recentemente no país grupos defendendo a volta do regime militar.
“O tema Memória e Verdade é absolutamente importante não só pela questão dos 50 anos de deflagração do golpe civil-militar, mas porque nós vivenciamos, infelizmente, um recrudescimento, do que estava escondidinho, não tenham dúvida, puseram a cabeça para o lado de fora. O ovo da serpente chocou e estão colocando de forma clara, pedido de intervenção militar, golpe outra vez”, apontou.
A cineasta Lúcia Murat, que foi torturada no período da ditadura, disse que se sente orgulhosa por ser a homenageada deste ano pela Mostra de Cinema e Direitos Humanos. “Me sinto muito orgulhosa de receber uma homenagem em uma mostra de cinema e direitos humanos que é uma questão fundamental, não só no Brasil, como no mundo. A única forma de lutar contra o fundamentalismo, seja ele na política, na religião, ou onde for, é por meio dos direitos humanos”, disse.
A mostra ocorrerá até o dia 20 de dezembro nas 26 capitais e no Distrito Federal. Depois será levada, por meio do Projeto Democratizando, a cerca de mil pontos de cultura do país. “Democratizar para que a população possa assistir, participar, se identificar e se relacionar com realidades brasileiras na questão de direitos humanos em todos os cantos do nosso país”, disse Ideli.
Para Lúcia Murat, ao unir direitos humanos com cinema, a mostra permite ao público se emocionar. Ela ficou satisfeita ao saber que os filmes que dirigiu já estão chegando em lugares em que nunca tinham sido exibidos e isso tende a aumentar quando forem mostrados nos pontos de Cultura. “Mesmo na primeira fase, que são nas capitais, os meus filmes estão chegando em lugares, como ontem mesmo me ligaram de Rondônia, que nunca os meus filmes chegaram. Além disso, tem a segunda fase, que é a mais interessante, o Democratizando, que é uma mostra restrita, porque é só com DVDs e vão a mil pontos de Cultura. Isso é incrível”,
A 9ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul é uma promoção da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em parceria com o Ministério da Cultura, a Universidade Federal Fluminense e apoio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e da Fundação Euclides Marinho, com o patrocínio da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).