Terra Pra Quem e Minerando Conflitos, duas produções do Observatório Socioambiental, agora estão disponíveis na internet. Os documentários retratam problemas vividos por moradores de ocupações urbanas em Marabá e Tucuruí e por atingidos pela mineração na região. Assista. (mais…)
Day: 18 de outubro de 2014
O Festival Thiaroye 44: reconstruções da memória
Comissão de organização do Festival Thiaroye 44[1] / Introdução e tradução: Patrícia dos Santos Pinheiro
Algo pouco abordado na história das grandes guerras mundiais foi a participação de africanos nesses conflitos, com destaque para os combatentes recrutados na antiga África Ocidental Francesa (AOF). Diante desse “esquecimento”, atualmente ainda é reivindicada a memória e o reconhecimento da contribuição dos chamados Tirailleurs Sénégalais, os Fuzileiros Senegalenses, genericamente associados a esse país por serem agrupados nesse local, apesar de serem oriundos de diversos países.
Esses soldados atuaram de maneira voluntária ou forçosa entre 1857 e 1960 nos conflitos promovidos pela França tanto na Europa quanto no Oriente. Com recrutamentos que não eram necessariamente voluntários, somente entre 1914 e 1918, o grupo era composto de 161.250 combatentes negros (com muitas baixas), segundo o Ministério da Defesa francês. Já na Segunda Guerra, segundo o mesmo documento, até 1º de abril de 1940 foram recrutados mais de 179.000 soldados africanos pela França.
Diante disso, o que fica marcante nas narrativas oficiais sobre esses conflitos mundiais é que elas foram construídas a partir de discursos hegemônicos: a idealizada e bondosa história dos vencedores. Contando com apoio intelectual, essas narrativas foram cristalizadas ao longo do tempo em afirmações consideradas inquestionáveis e que tendem a ignorar participações dessas populações colonizadas e a forma como foi conduzido o processo de conflitos pelos “países aliados”. (mais…)
Piden al Estado peruano titular propiedad de la comunidad nativa Alto Tamaya-Saweto
Servindi – La Red Territorios Visibles, que es impulsada por instituciones dedicadas a la investigación en América Latina, solicitó al Estado peruano la entrega del título de propiedad a la comunidad asháninka Alto Tamaya-Saweto, cuyos dirigentes fueron asesinados a inicios del mes de setiembre por defender sus tierras de la tala ilegal de madera.
A través de un extenso informe, la Red llamó la atención también sobre la situación de vulnerabilidad de muchas comunidades nativas y campesinas y sus dirigentes que no cuentan con apoyo del Estado.
La organización consideró, además, que el incumplimiento estatal para la titulación desprotege el derecho fundamental a la propiedad comunal y junto con él, todos los otros derechos y expresiones de la pluralidad étnica y cultural de la nación peruana. (mais…)
Movimento popular realiza grito do semiárido no Piauí para barrar mineradoras
No povoado Lagoa Nova, no município de Várzea Grande, na região da grande São Raimundo Nonato, uma empresa de Minas Gerais, está colocando em funcionamento 32 pontos de carvoarias e desmatando grande área em uma região ocupada por comunidades quilombolas
Cerca de 4 mil pessoas participaram do quarto Grito do Semiárido promovido por entidades populares como Caritas, CPT (Comissão Pastoral do Brasil) e Instituto ComRádio do Brasil nas ruas ruas de São Raimundo Nonato contra a implantação de mineradoras na região onde moram trabalhadores da agricultura familiar e comunidades quilombolas.
A manifestação começou na Avenida dos Estudantes, na manhã dessa sexta-feira (17). Hidelbrando Pires, coordenador da Casa Diocesano de São Raimundo Nonato, afirmou que o grito desse ano é para chamar atenção de alguns quadros que não foram atendidos e continuam sem resposta por parte do poder público, como a intensa atividade de pesquisa mineral, sem informação necessária as famílias; a atividade de lavra sem determinação legal; registros de 100 processos de pesquisas em São Raimundo Nonato, sendo apenas uma possui solicitação de licença para exploração de manganês, sem que as comunidades tenham qualquer tipo de informação, realização de pesquisa e solicitação de extração dentro da área do corredor ecológico entre os parques nacionais Serra da Capivara e Serra das Confusões. (mais…)
Índios isolados que viviam reclusos na mata revelam-se à sociedade envolvente
Por Beth Begonha
Em entrevista exclusiva, indigenista Meirelles relata os dias de convivência com o povo isolado que buscou ajuda em aldeia no Brasil Jose Meirelles é um dos mais famosos sertanistas da história do país. Durante décadas viveu em meio a floresta junto a povos indígenas que nos idos dos anos 60 e 70, acreditava-se precisavam ser contatados para sobreviver aos avanços da migração e das grandes obras. Ao longo dos últimos anos, depois da morte de milhares de indivíduos e da dizimação de diversas etnias, a política da Funai mudou e foram criadas as chamadas Frentes de Proteção Etnoambiental com o objetivo de preservar aquelas populações ainda não contatadas por não-índios e que preservam-se também da convivência com outras etnias indígenas.
Recentemente, índios isolados, assim chamados pelas características já explicadas, e que vivem na região de fronteira entre o Brasil e o Peru, buscaram contato em uma aldeia do Povo Ashaninka no estado do Acre. Meirelles, que durante anos viveu na Frente Etnoambiental do Envira, foi então chamado para, com seu conhecimento, ajudar a mediar o contato com os índios, e a compreender as razões que os levaram a procurar o apoio de outros povos. (mais…)
Privatizações: A Distopia do Capital, filme de Sílvio Tendler sobre as privatizações no Brasil (Completo)
O novo filme de Silvio Tendler ilumina e esclarece a lógica da política em tempos marcados pelo crescente desmonte do Estado brasileiro. A visão do Estado mínimo; a venda de ativos públicos ao setor privado; o ônus decorrente das políticas de desestatização traduzidos em fatos e imagens que emocionam e se constituem em uma verdadeira aula sobre a história recente do Brasil. Assim é Privatizações: a Distopia do Capital. Realização do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), com o apoio da CUT Nacional, o filme traz a assinatura da produtora Caliban e a força da filmografia de um dos mais respeitados nomes do cinema brasileiro.
Em 56 minutos de projeção, intelectuais, políticos, técnicos e educadores traçam, desde a era Vargas, o percurso de sentimentos e momentos dramáticos da vida nacional. A perspectiva da produtora e dos realizadores é promover o debate em todas as regiões do país como forma de avançar “na construção da consciência política e denunciar as verdades que se escondem por trás dos discursos hegemônicos”, afirma Silvio Tendler. (mais…)
Dourados: Famílias sofrem com falta de água nas aldeias
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Isabel Carmi Trajber.
MPF recomenda que Iphan e Prefeitura de Olímpia preservem sítio arqueológico no interior de São Paulo
Criação de bovinos e construção de pista de motocross ameaçam a integridade do patrimônio cultural e deverão ser imediatamente interrompidas
O Ministério Público Federal em São José do Rio Preto recomendou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em São Paulo que providencie os cuidados para a preservação do sítio arqueológico “Cemitério Maranata”, localizado na cidade de Olímpia, no interior do Estado. Atualmente, a integridade do sítio está ameaçada por atividades potencialmente danosas, como a criação de bovinos e a construção e utilização de uma pista de motocross.
O sítio, descoberto em 1993, guarda artigos arqueológicos que indicam a ocupação por grupos indígenas e pré-coloniais, possivelmente de origem tupi-guarani. Porém, até hoje não houve sequer o início do procedimento de salvamento definitivo, bem como a adoção de medidas necessárias à proteção dos achados, segundo parecer do próprio Iphan. Além disso, as peças guardadas no Museu de História e Folclore de Olímpia se encontram em situação precária e também merecem cuidados. (mais…)
Potencial de discussão judicial torna Porto Sul o “Belo Monte da Bahia”
Por Pedro Canário, Revista Consultor Jurídico
Já se desenvolve no Brasil uma obra de infraestrutura que pode ser comparada à Usina de Belo Monte pelo menos pela quantidade de batalhas judiciais que promete protagonizar. Trata-se do Porto Sul, terminal portuário que vai começar a ser construído ainda este ano em Ilhéus, no sul da Bahia, e já é alvo de pelo menos quatro pedidos de liminar para impedir o início das obras, e uma nova ação já ajuizada pelo Ministério Público Federal.
A obra de Porto Sul tem sido divulgada como o maior investimento portuário do país. É um empreendimento conjunto do estado da Bahia com a empresa Bahia Mineração (Bamin), que dividirão as obras e as concessões do porto. Jornais baianos falam que os investimentos devem chegar a R$ 12,5 bilhões em 25 anos, contando o potencial de atividades do porto e o impacto na economia local.
Dos quatro casos judiciais cuja instrução processual já começou, um teve a liminar negada, um resultou em acordo, um perdeu o objeto e um ainda não foi apreciado. Dessas quatro ações, três foram ajuizadas pelo Ministério Público Federal e uma pelo MPF em parceria com o Ministério Público da Bahia. (mais…)
Por que é importante NÃO assinar a Petição sobre “colocar no debate presidencial a pauta indígena”
Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental
Está correndo na internet um pedido para que se assine Petição com o título “Rede Globo – Central Globo de Jornalismo: Rede Globo, coloque no debate presidencial a pauta indígena”. O texto que defende a assinatura tem três frases curtas e diretas. As duas primeiras denunciam a situação absurda na qual se encontram os Povos Indígenas. A terceira me impediria de assinar, caso o próprio título não tivesse provocado, já, a minha reação. Assim, embora considerando que as intenções – tanto de quem criou, como de quem enviava a Petição – eram respeitáveis, respondi negativamente antes mesmo de acessar o link e ver o texto que reproduzo abaixo:
Por que isto é importante
Há décadas os índios brasileiros sofrem com a invasão ilegal de suas terras, mesmo as demarcadas, ou são expulsos delas à força, devido [a] ame[a]ças de fazendeiros, madeireiros e pistoleiros contratados, com aval dos governos. O agronegócio tem se expandido sem respeitar o meio-ambiente e assassinando índios, ou deixando-os suicidarem-se em consequência de depressão causada pelo descaso e falta de condições dignas. Queremos que a Globo questione os DOIS candidatos à presidência sobre como irão cumprir suas promessas ao agronegócio sem prejudicar os índios, que políticas de proteção aos índios irão praticar e como resolverão o impasse entre índios x setor ruralista.
Não me limitei a responder com a negativa, entretanto. Expliquei, em uma linha, que “não assino por um motivo para mim muito importante: não concedo a esses canalhas o direito de ‘colocar no debate presidencial’ pauta alguma”. Espero que a pessoa não tenha ficado ofendida e, ao contrário, pare para refletir a respeito, da mesma forma que gostaria que também o fizessem as outras 102 pessoas que já haviam assinado, acrescidas provavelmente de outras tantas, na velocidade com que as coisas giram na internet.
Acho que boa parte do problema talvez tenha por causa exatamente isso: esse turbilhão de informações, das quais muitas vezes lemos o título e julgamos desnecessário ler o resto, antes de passar adiante. Com isso, perdemos não só a chance de descobrir o teor da informação (que nem sempre corresponde ao título, aliás) como, acima de tudo, abrimos mão da chance de parar, refletir, opinar, criticar. Pior: ajudamos a construir aberrações, quando não legitimamos outras já existentes. (mais…)