Por Altino Machado, no Blog da Amazônia
Um cidadão brasileiro de 63 anos, com dupla identidade, foi preso pela Polícia Nacional peruana suspeito de envolvimento no assassinato de quatro líderes indígenas da Comunidade Nativa Alto Tamaya–Saweto, no dia 1º de setembro, na região de Uacayali, na fronteira com o Peru, cuja capital é Pucallpa.
O homem, que é madeireiro e usa duas identidades, como Adeuso Mapez Francisco Rodriguez e Anderson Mapez de Souza, foi preso na localidade de Alto Tamaya-Saweto. Os indígenas Edwin Chota Valera, Jorge Ríos Pérez, Leoncio Quinticima Melendez e Francisco Pinedo, da etnia ashaninka, foram assassinados a tiros quando se deslocavam dentro da floresta com destino a aldeia Apiwtxa, no Brasil, na fronteira dos dois países.
Os indígenas participariam de uma reunião com lideranças da mesma etnia do lado brasileiro da fronteira sobre estratégias de continuidade de ações de vigilância e fiscalização, para impedir a ação de narcotraficantes e de madeireiros, que exploram a região ilegalmente.
A Justiça peruana ordenou a transferência do brasileiro para a cidade de Pucallpa, onde ele está detido. Ele nega envolvimento nas mortes dos ashaninka.
O indígena Edwin Chota, líder da Comunidade Nativa Alto Tamaya–Saweto e fundador da Associação de Comunidades Nativas de Masisea Ashaninka e Callería, lutava contra a exploração madeireira e o desmatamento na Amazônia peruana.
Chota chegou a formalizar junto às autoridades peruanas as ameaças de morte que recebera dos madeireiros que exploram ilegalmente a região. O brasileiro Adeuso Mapez Francisco Rodriguez ou Anderson Mapez de Souza, também conhecido como Capelon, aparece em fotografias feitas pelos ashaninka e entregues ao governo peruano como um dos invasores do território indígena.
Apenas um corpo dos quatro indígenas foi localizado até agora por membros da comunidade Alto-Saweto Tamaya. Um helicóptero e quadro helicópteros chegaram a ser usados na tentativa de resgate dos corpos, mas suspeita-se que os corpos tenham sido arrastados pelas águas.