Agrotóxicos, intervenção da indústria pecuária e agrícola, ganância e políticas excludentes estão entre alguns dos novos inimigos dos guerreiros guaranis, que, mesmo em condições adversas, permanecem resistindo. É sobre esse cenário de lutas por terras, por reconhecimento de direitos e respeito aos indígenas e camponeses que o documentário “Em busca da terra sem veneno” é apresentado.
O documentário traz depoimentos de líderes das tribos guaranis, do líder do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], João Pedro Stédille; do ator portorriquenho Benicio Del Toro e de agricultores, que apontam as causas para o desastre da falta de reforma agrária no Brasil , da falta de demarcação de terras e do uso insano de agrotóxicos na agricultura.
Os índios guaranis que, à época colonial, sofriam com a exploração dos colonizadores europeus sofrem agora com a exploração e intervenção de colonizadores modernos, de latifundiário, de políticos e com a invasão de suas terras por produtores agrícolas. Apesar de todas as ameaças os índios buscam novas terras sem males e sem veneno para a sobrevivência de sua gente.
Os depoimentos dos índios guaranis, que apontam que não há demarcação de terras no país, apenas promessas do governo federal e dos governos municipais, e as ameaças dos mercados de produção de soja, o perigo dos agrotóxicos nas aldeias e criação de gado no Estado do Mato Grosso são condições vividas pela população indígena.
O documentário mostra trechos de uma palestra ministrada por João Pedro Stédille, do MST, em que relembra as origens da colonização e a necessidade de se fazer um a verdadeira reforma agrária no Brasil. O líder Sem Terra traça um paralelo da atual exploração com a colonização e com o capitalismo moderno, e apresenta as reformas agrárias bem sucedidas feitas nos Estados Unidos, Europa e Japão. Outros depoimentos apontam que não há reforma agrária de verdade no Brasil e que o Brasil nunca fez nada para mudar de fato a situação.
Críticas feita ao governo de Lula e a outros governos que tiveram chances de concretizar uma reforma agrária justa no país não são poupadas e fazem refletir sobre os empecilhos provocados pelos detentores do poder e pela camada burguesa brasileira, que insiste em concentrar renda ao invés de desenvolver um mercado consumidor mais amplo.