Antonio Machado: Caminante, no hay camino. Se hace el caminho al andar…

Antonio Machado(1875- 1939) morreu na França, depois de uma dura travessia dos Pirineus fugindo da Espanha Republicana subjugada pelos generais golpistas, dos quais sobraria o ‘generalíssimo’ Franco. É de um poema seu uma frase que marcou toda a luta revolucionária desde então: “Caminhante, não há caminho. Fazemos o caminho ao andar”. A ele, cuja morte completou 75 anos ontem, nossa homenagem deste final de domingo, na voz de um cantor e compositor que transformou seu curto poema em outro, também musicado em sua homenagem: Joan Manuel Serrat.

Ler Mais

“Exclusivo: Bolivianos culpam Brasil por enchentes e desejam processar o país por danos e prejuízos de bilhões de dólares”

gado se afogando
Cerca de 90 mil cabeças de gado perdidas

Por +RO

Mais um imbróglio vem aí pela frente envolvendo as usinas do rio Madeira, o progresso e a discórdia. O consultor ambiental boliviano, Walter Justiniano Martinez, 54, de Guayaramerin (Bolívia), tem em mãos um relatório onde consta que o Brasil é o culpado pelas enchentes na Bolívia, que culminou com 60 pessoas mortas e 90 mil cabeças de gados perdidas. O prejuízo é de cerca de 50 bilhões de dólares e mais de 40 mil hectares de culturas agrícolas afetadas. Segundo ele, “o governo boliviano sabia dos problemas que seriam provocados pelas barragens das usinas de Jirau e Santo Antônio e não fez nada a este respeito”. Explicando, as represas de Jirau e Santo Antônio não deixam a água escoar, culminando com enchentes rio acima, pegando o Beni. As fortes chuvas que caem sobre a Bolívia agravaram ainda mais o problema. Veja no mapa abaixo. (mais…)

Ler Mais

Trabalho semi escravo, prostituição infantil, confrontos: a guerra no Vale do Ribeira contra uma hidrelétrica

Rio Ribeira de Iguape
Rio Ribeira de Iguape

Por Edson Domingues, em Diário do Centro do Mundo

No Vale do Ribeira, região com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado de São Paulo, a Companhia Brasileira de Alumínio, CBA, tenta a todo custo transformar seu projeto da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto em realidade. Prostituição infantil, trabalho análogo a escravo – o dia no bananal rende R$ 15,00  –, uso indiscriminado de agrotóxicos e quilombolas mortos em conflitos agrários completam o cotidiano local.

A supressão ilegal de mata atlântica por latifundiários bananeiros, quase sempre às margens dos inúmeros cursos d’água, agrava ainda mais o cenário de assoreamento do Rio Ribeira de Iguape, que no passado foi navegável em quase todo seu percurso. Há ainda passivos ambientais deixados por atividades minerárias, contribuindo com altas dosagens de metais pesados em seus afluentes. Mesmo assim, o Ribeira ainda dispõe de belíssimas paisagens. (mais…)

Ler Mais

Comissão traz à tona violência contra índios em Minas na ditadura

Rio Doce, em Resplendor, corta a Terra Indígena Krenak e garante à comunidade uma fonte de alimento
Rio Doce, em Resplendor, corta a Terra Indígena Krenak e garante à comunidade uma fonte de alimento

Por Ricardo Rodrigues , enviado especial do Hoje em Dia

CARMÉSIA E RESPLENDOR – Prestes a completar 50 anos do golpe militar de 1964, novas histórias de violência ainda vêm à tona. Como as agressões cometidas por militares aos povos indígenas. Os casos são investigados pela Comissão da Verdade de Minas. O trabalho de resgate dos fatos está sendo feito em parceria com o Ministério Público Federal (MPF) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi-Leste).
Os caciques Baiara Pataxó e Douglas Krenak atuam como consultores do grupo coordenado pelo ex-vereador Betinho Duarte (PSB), membro da Comissão da Verdade, que investiga massacres contra os povos Guarani, Krenak e Pataxó no Estado, ocorridos durante o regime militar.
As tristes lembranças desse período estão ainda na memória dos antigos, os “troncos velhos”, das Terras Indígenas (TI) Guarani, em Carmésia, e Krenak, em Resplendor. Integrantes do MPF estiveram nesses locais no Vale do Rio Doce, onde índios de várias partes do Brasil eram submetidos a trabalhos forçados e sessões de tortura. (mais…)

Ler Mais

Relatora da ONU recebeu denúncias de quilombolas e comunidades urbanas sobre o direito à moradia adequada em Salvador

Raquel Rolnick na Faculdade de Arquitetura da UFBA
Raquel Rolnick ouve as denúncias de Rose Meire, do Quilombo Rio dos Macacos, na Faculdade de Arquitetura da UFBA

Por Albenísio Fonseca

A relatora da ONU sobre Direitos Humanos para a Moradia Adequada, Raquel Rolnick, recebeu, anteontem (21.02), durante plenária no auditório da Faculdade de Arquitetura da UFBA, dossiês de comunidades baianas denunciando a violação desse direito fundamental e que vai além da habitabilidade.

Na foto, momento em que moradora do Quilombo Rio dos Macacos denuncia ter sido vítima de tortura por prepostos da Marinha do Brasil. Raquel Rolnick (de blusa preta), ao lado da professora Ana Fernandes, participou da plenária após visitar diversas comunidades em condições subumanas de Salvador.  (mais…)

Ler Mais

Stuart Hall: a favor da diferença

Stuart HallSociólogo e um dos principais teóricos do multiculturalismo, morto este mês, refletiu sobre a diáspora negra sem se prender a correntes teóricas

Por Liv Sovik*, em O Globo

Talvez Stuart Hall gostasse de saber que falar dele logo depois de sua morte é participar de uma polifonia bakhtiniana, um conjunto de vozes diferentes que falam sobre ele, o que ele fez e disse, o impacto que teve. Minha homenagem favorita, no momento, é um trecho da nota de óbito de David Morley e Bill Schwarz, seus amigos e ex-alunos. Publicada no site do “The Guardian”, a nota foi a matéria mais lida do jornal no dia da morte do professor, teórico e ativista, do mestre e maître-à-penser. O texto termina assim:

“Quando apareceu no programa de rádio Desert Island Discs, Hall falou de sua paixão duradoura por Miles Davis. Explicou que a música representou para ele o som do que não pode ser, ‘the sound of what cannot be’. O que era sua vida intelectual, senão o esforço, contra todos os obstáculos, para fazer ‘o que não pode ser’, viver na imaginação?” (mais…)

Ler Mais

A história do ódio no Brasil

Tiradentes Supliciado, de Pedro Américo
Tiradentes Supliciado, de Pedro Américo

Por 

Achamos que somos um bando de gente pacífica cercados por pessoas violentas”. A frase que bem define o brasileiro e o ódio no qual estamos imersos é do historiador Leandro Karnal. A ideia de que nós, nossas famílias ou nossa cidade são um poço de civilidade em meio a um país bárbaro é comum no Brasil. O “mito do homem cordial”, costumeiramente mal interpretado, acabou virando o mito do “cidadão de bem amável e simpático”. Pena que isso seja uma mentira. “O homem cordial não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva”, explica o sociólogo Antônio Cândido. O brasileiro se obriga a ser simpático com os colegas de trabalho, a receber bem a visita indesejada e a oferecer o pedaço do chocolate para o estranho no ônibus. Depois fala mal de todos pelas costas, muito educadamente. (mais…)

Ler Mais

Além da Disney clássica: cinco ótimos filmes de animação para crianças sem estereótipos raciais

Os clássicos de Walt Disney. Imagem: reprodução
Os clássicos de Walt Disney. Imagem: reprodução

Muitos dos clássicos da companhia norte-americana contêm imagens ultrapassadas de grupos raciais ou de gênero. Afortunadamente, recentes obras de arte animadas fornecem alternativas sem sacrificar nada no caminho da imaginação

Por Christopher Zumski Finke, na Yes! Magazine/ Revista Fórum
Tradução de Ugo Flores

Nessa semana, a atriz Meryl Streep presenteou um prêmio a Emma Thompson por sua performance como P. L. Travers, a autora de Mary Poppins, no recente filmeSaving Mr. Banks. Durante seu louvor efusivo por Thompson, Streep também aproveitou a oportunidade para lembrar o mundo dos defeitos pessoais de Walt Disney, chamando Disney de “intolerante misógino” e “apoiador de grupos de lobby antissemitas da indústria cinematográfica”.

As visões de Disney acerca das mulheres e de minorias não são novidade – tanto sua reputação quanto os filmes clássicos que seu estúdio produzira no último século causam controvérsia há bastante tempo. Entretanto, o discurso de Streep ofereceu um importante lembrete do quão facilmente nós nos esquecemos de olhar criticamente aos filmes que nós amamos.

Peguemos como exemplo a animação da Disney Peter Pan. Quando eu era criança, ele inspirou minha imaginação gigantescamente. Uma terra mágica com infância eterna e lutas de espada e batalhas contra o Capitão Gancho. Minha nostalgia causada por Peter Pan permanece forte e eu, carinhosamente, me lembro dos dias em que eu me fantasiava em sua história.

Todavia, não penso que compartilharei Peter Pan com meu filho tão cedo. É muito racista. Isso pode parecer extremo para alguns, mas uma vez que se mantém um compromisso à igualdade e respeito à diversidade,Peter Pan é muito difícil de assistir hoje em dia. Os adultos facilmente se esquecem de como os filmes afetam as crianças e, como pai, não quero que a jovem imaginação do meu filho seja capturada pelos estereótipos de raça, gênero e cultura presentes em Peter PanA Pequena Sereia ou outros clássicos de animação da Disney. (mais…)

Ler Mais