Antonio Machado(1875- 1939) morreu na França, depois de uma dura travessia dos Pirineus fugindo da Espanha Republicana subjugada pelos generais golpistas, dos quais sobraria o ‘generalíssimo’ Franco. É de um poema seu uma frase que marcou toda a luta revolucionária desde então: “Caminhante, não há caminho. Fazemos o caminho ao andar”. A ele, cuja morte completou 75 anos ontem, nossa homenagem deste final de domingo, na voz de um cantor e compositor que transformou seu curto poema em outro, também musicado em sua homenagem: Joan Manuel Serrat.
Day: 23 de fevereiro de 2014
“Exclusivo: Bolivianos culpam Brasil por enchentes e desejam processar o país por danos e prejuízos de bilhões de dólares”
Por +RO
Mais um imbróglio vem aí pela frente envolvendo as usinas do rio Madeira, o progresso e a discórdia. O consultor ambiental boliviano, Walter Justiniano Martinez, 54, de Guayaramerin (Bolívia), tem em mãos um relatório onde consta que o Brasil é o culpado pelas enchentes na Bolívia, que culminou com 60 pessoas mortas e 90 mil cabeças de gados perdidas. O prejuízo é de cerca de 50 bilhões de dólares e mais de 40 mil hectares de culturas agrícolas afetadas. Segundo ele, “o governo boliviano sabia dos problemas que seriam provocados pelas barragens das usinas de Jirau e Santo Antônio e não fez nada a este respeito”. Explicando, as represas de Jirau e Santo Antônio não deixam a água escoar, culminando com enchentes rio acima, pegando o Beni. As fortes chuvas que caem sobre a Bolívia agravaram ainda mais o problema. Veja no mapa abaixo. (mais…)
Trabalho semi escravo, prostituição infantil, confrontos: a guerra no Vale do Ribeira contra uma hidrelétrica
Por Edson Domingues, em Diário do Centro do Mundo
No Vale do Ribeira, região com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado de São Paulo, a Companhia Brasileira de Alumínio, CBA, tenta a todo custo transformar seu projeto da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto em realidade. Prostituição infantil, trabalho análogo a escravo – o dia no bananal rende R$ 15,00 –, uso indiscriminado de agrotóxicos e quilombolas mortos em conflitos agrários completam o cotidiano local.
A supressão ilegal de mata atlântica por latifundiários bananeiros, quase sempre às margens dos inúmeros cursos d’água, agrava ainda mais o cenário de assoreamento do Rio Ribeira de Iguape, que no passado foi navegável em quase todo seu percurso. Há ainda passivos ambientais deixados por atividades minerárias, contribuindo com altas dosagens de metais pesados em seus afluentes. Mesmo assim, o Ribeira ainda dispõe de belíssimas paisagens. (mais…)
Comissão traz à tona violência contra índios em Minas na ditadura
Por Ricardo Rodrigues , enviado especial do Hoje em Dia
Relatora da ONU recebeu denúncias de quilombolas e comunidades urbanas sobre o direito à moradia adequada em Salvador
A relatora da ONU sobre Direitos Humanos para a Moradia Adequada, Raquel Rolnick, recebeu, anteontem (21.02), durante plenária no auditório da Faculdade de Arquitetura da UFBA, dossiês de comunidades baianas denunciando a violação desse direito fundamental e que vai além da habitabilidade.
Na foto, momento em que moradora do Quilombo Rio dos Macacos denuncia ter sido vítima de tortura por prepostos da Marinha do Brasil. Raquel Rolnick (de blusa preta), ao lado da professora Ana Fernandes, participou da plenária após visitar diversas comunidades em condições subumanas de Salvador. (mais…)
Stuart Hall: a favor da diferença
Sociólogo e um dos principais teóricos do multiculturalismo, morto este mês, refletiu sobre a diáspora negra sem se prender a correntes teóricas
Por Liv Sovik*, em O Globo
Talvez Stuart Hall gostasse de saber que falar dele logo depois de sua morte é participar de uma polifonia bakhtiniana, um conjunto de vozes diferentes que falam sobre ele, o que ele fez e disse, o impacto que teve. Minha homenagem favorita, no momento, é um trecho da nota de óbito de David Morley e Bill Schwarz, seus amigos e ex-alunos. Publicada no site do “The Guardian”, a nota foi a matéria mais lida do jornal no dia da morte do professor, teórico e ativista, do mestre e maître-à-penser. O texto termina assim:
“Quando apareceu no programa de rádio Desert Island Discs, Hall falou de sua paixão duradoura por Miles Davis. Explicou que a música representou para ele o som do que não pode ser, ‘the sound of what cannot be’. O que era sua vida intelectual, senão o esforço, contra todos os obstáculos, para fazer ‘o que não pode ser’, viver na imaginação?” (mais…)
A história do ódio no Brasil
Por Fred Di Giacomo
“Achamos que somos um bando de gente pacífica cercados por pessoas violentas”. A frase que bem define o brasileiro e o ódio no qual estamos imersos é do historiador Leandro Karnal. A ideia de que nós, nossas famílias ou nossa cidade são um poço de civilidade em meio a um país bárbaro é comum no Brasil. O “mito do homem cordial”, costumeiramente mal interpretado, acabou virando o mito do “cidadão de bem amável e simpático”. Pena que isso seja uma mentira. “O homem cordial não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva”, explica o sociólogo Antônio Cândido. O brasileiro se obriga a ser simpático com os colegas de trabalho, a receber bem a visita indesejada e a oferecer o pedaço do chocolate para o estranho no ônibus. Depois fala mal de todos pelas costas, muito educadamente. (mais…)
Além da Disney clássica: cinco ótimos filmes de animação para crianças sem estereótipos raciais
Muitos dos clássicos da companhia norte-americana contêm imagens ultrapassadas de grupos raciais ou de gênero. Afortunadamente, recentes obras de arte animadas fornecem alternativas sem sacrificar nada no caminho da imaginação
Por Christopher Zumski Finke, na Yes! Magazine/ Revista Fórum
Tradução de Ugo Flores
Nessa semana, a atriz Meryl Streep presenteou um prêmio a Emma Thompson por sua performance como P. L. Travers, a autora de Mary Poppins, no recente filmeSaving Mr. Banks. Durante seu louvor efusivo por Thompson, Streep também aproveitou a oportunidade para lembrar o mundo dos defeitos pessoais de Walt Disney, chamando Disney de “intolerante misógino” e “apoiador de grupos de lobby antissemitas da indústria cinematográfica”.
As visões de Disney acerca das mulheres e de minorias não são novidade – tanto sua reputação quanto os filmes clássicos que seu estúdio produzira no último século causam controvérsia há bastante tempo. Entretanto, o discurso de Streep ofereceu um importante lembrete do quão facilmente nós nos esquecemos de olhar criticamente aos filmes que nós amamos.
Peguemos como exemplo a animação da Disney Peter Pan. Quando eu era criança, ele inspirou minha imaginação gigantescamente. Uma terra mágica com infância eterna e lutas de espada e batalhas contra o Capitão Gancho. Minha nostalgia causada por Peter Pan permanece forte e eu, carinhosamente, me lembro dos dias em que eu me fantasiava em sua história.
Todavia, não penso que compartilharei Peter Pan com meu filho tão cedo. É muito racista. Isso pode parecer extremo para alguns, mas uma vez que se mantém um compromisso à igualdade e respeito à diversidade,Peter Pan é muito difícil de assistir hoje em dia. Os adultos facilmente se esquecem de como os filmes afetam as crianças e, como pai, não quero que a jovem imaginação do meu filho seja capturada pelos estereótipos de raça, gênero e cultura presentes em Peter Pan, A Pequena Sereia ou outros clássicos de animação da Disney. (mais…)