Empresa vai participar de leilão de concessões na semana que vem. Técnica para exploração é considerada perigosa
Fernando Gasper, Gazeta do Povo
Inscrita na 12.ª rodada de licitações de petróleo e gás do governo federal, a Copel desconsidera os riscos ambientais e socioeconômicos envolvidos na exploração do chamado “gás de xisto”. É o que diz o consultor do setor elétrico Ivo Pugnaloni, que foi diretor de planejamento e distribuição da estatal durante o governo Requião.
Na próxima semana, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vai licitar 240 blocos para a exploração de hidrocarbonetos, 14 deles na faixa oeste do Paraná. Entre as 21 empresas habilitadas para a disputa estão três paranaenses – Copel, Tradener e Tucumann Engenharia.
A ANP determinou que, mesmo que encontrem gás natural convencional, que fica armazenado nas chamadas rochas-reservatório, as vencedoras do leilão terão de perfurar mais fundo para verificar se há também combustível “não convencional” nas rochas geradoras. O risco está na controversa técnica usada para extrair esse gás. Conhecida como “fracking” ou fraturamento hidráulico, ela consiste na injeção, dentro de poços horizontais, de milhões de litros de água e substâncias químicas a alta pressão.
Em artigo escrito em parceria com Zuleica Nycz, ex-conselheira do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), Pugnaloni alerta para os efeitos colaterais do fracking, muito usado nos Estados Unidos e recentemente adotado na Argentina. Entre os impactos já constatados estão a contaminação do solo e da água pelos gases metano e propano, e até terremotos.
“Isso é exatamente o que vai acontecer num polígono formado pelas cidades de Pitanga, Paranavaí, Toledo e Cascavel. Só que aqui esse coquetel de venenos será injetado sob a pressão de 5 mil atmosferas bem próximo do Aquífero Guarani”, afirmam Zuleica e Pugnaloni no texto, publicado na internet.
Segundo eles, a exploração de gás de xisto afetará a segurança dos grupos indígenas e das unidades de conservação, “ameaçando igualmente e de forma devastadora toda a nossa economia baseada nas atividades agroindustriais”. “A direção e os funcionários de carreira da Copel têm uma grande responsabilidade diante de si em não permitir que a empresa entre nessa aventura sem maiores e conclusivos estudos”, afirmam.
Outro lado
Procurada, a Copel não comentou o artigo de Ivo Pugnaloni e Zuleica Nycz. A ANP informou em nota que “todas as precauções estão sendo tomadas para que a exploração do gás não convencional, caso venha a ocorrer, seja feita de acordo com as melhores práticas da indústria mundial e com respeito ao meio ambiente”. A agência realizou ontem uma audiência pública sobre o assunto, no Rio de Janeiro. Durante a consulta feita via internet nas últimas semanas, ela recebeu 195 propostas de 13 entidades, entre elas Ibama e Greenpeace.
É inacreditável a falta de limites desse governo do Parana.
A nova diretoria da Copel deveria repensar sua atitude.