Amanda Paixão – Hoje em Dia*
Após ocuparem o saguão principal da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), manifestantes fecham a avenida Afonso Pena, no centro da cidade, nesta terça-feira (30). Desde a noite de segunda-feira (29), pelo menos dez barracas foram montadas na via e algumas pessoas, depois de passarem a madrugada no local, continuam acampadas em frente ao prédio da PBH, próximo à rua da Bahia, o que impede o fluxo de veículos neste trecho. Com isso, o trânsito é complicado em toda a região central, sendo que há reflexos até a Praça da Estação. Saiba mais.
A manifestação teve início na tarde de segunda, quando aproximadamente 50 pessoas ocuparam o hall do gabinete do prefeito Marcio Lacerda (PSB). A intenção do grupo, formado por moradores de ocupações urbanas, como “Dandara” e “Eliana Silva”, além de representantes do “Brigadas Populares” e do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e apoiadores, é pressionar Lacerda que, no último dia 10 de julho, havia fechado um acordo para se reunir com manifestantes.
Eles reivindicam a regularização fundiária das ocupações e alguns direitos básicos à população que reside nestes locais, como acesso a água tratata, esgoto, e energia elétrica. “Temos uma pauta específica para tratar com o prefeito Marcio Lacerda, mas essas são basicamente as nossas reivindicações”, afirmou Luara Colpa, do Brigadas Populares.
A previsão dada no fim da tarde de segunda era que o prefeito só poderia se reunir no dia 8 de agosto. No entanto, uma nova reunião foi marcada para às 10 horas desta terça-feira com o secretário de governo, Josué Valadão. Porém, os protestos devem continuar já que a intenção do grupo é se reunir exclusivamente com Lacerda.
Sem comida, sem leite e com pimenta
Inicialmente pacífica, a ocupação do saguão principal da PBH, no Centro, por aproximadamente 50 pessoas, tomou outras proporções ao longo dessa segunda-feira.
Ainda durante a tarde, funcionários fecharam as portas alegando motivos de segurança e na tentativa de evitar que mais manifestantes entrassem. Dessa forma, um grupo permaneceu no interior do prédio, enquanto outro ficou do lado de fora.
Durante o ato, guardas municipais teriam impedido que manifestantes recebessem marmitas e ainda proibiram que uma mãe pegasse seu bebê para amamentar. “Estamos sem comer e uma mãe precisou amamentar o filho pelas grades da prefeitura porque foi impedida de pegar a criança e trazê-la aqui para dentro”, afirmou. À noite, surgiram relatos de uso de gás de pimenta que teria sido usado contra alguns líderes do movimento.
Em nota divulgada à imprensa, a PBH ressaltou projetos desenvolvidos em habitação e a construção de moradias populares na capital mineira. Além disso, o órgão informou que em nenhum momento impediu a saída de manifestantes do interior da Prefeitura.
“Durante o mesmo encontro na tarde desta segunda-feira, os representantes da Prefeitura expressaram de maneira clara e objetiva que nenhum manifestante estava proibido de deixar o prédio da administração municipal, inclusive a mãe que, segundo os ocupantes, precisava amamentar o filho. Por questões de segurança, foi impedida a entrada de pessoas no prédio da PBH”.
Foto: Lucas Prates/Hoje em Dia
(*) Com informações de Thaís Mota
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.