Luana Almeida, A Tarde
Quinze dias após o encerramento dos jogos da Copa das Confederações, a equipe de reportagem do A TARDE constatou o retorno de pessoas em situação de rua para as proximidades da Arena Fonte Nova.
Durante a realização do evento esportivo, o jornal, a partir de denúncia do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPSR), constatou que moradores de rua tinham sido retirados do local e enviados para a Casa de Saúde Ana Nery, antiga clínica de saúde mental, localizada no largo da Soledade.
Na ocasião, a casa chegou a abrigar mais de 600 pessoas, contrariando as recomendações do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que orienta que cada abrigo voltado para a população em situação de rua acolha, no máximo, 50 pessoas.
Na manhã de ontem, a equipe de reportagem constatou a presença de, pelo menos, sete pessoas nos arredores do estádio, abrigadas embaixo do viaduto que liga a avenida Bonocô a Nazaré, nas proximidades do Vale de Nazaré e no entorno do estádio. A equipe notou, ainda, que a maioria estava alcoolizada ou sob efeito de drogas.
Questionado a respeito do retorno dos moradores de rua aos arredores do estádio, o titular da Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), Maurício Trindade, reconhece que as abordagens feitas pelas equipes da prefeitura foram suspensas.
“Por conta de críticas a respeito da nossa atuação, a equipe foi deslocada para a Casa Ana Nery e está lá, auxiliando em um mutirão para organizar e conhecer a necessidade de cada um dos abrigados”, explica.
O secretário municipal informa ainda que o número de abrigados na casa de saúde diminuiu de cerca de 600 pessoas para 470 nos últimos dias. “Muitos retornaram ao interior, outros voltaram para casa. Há também os que, influenciados por outros movimentos, acharam que viver na rua era melhor”, diz Trindade.
Coordenadora – Na opinião da coordenadora do MNPSR, Maria Lúcia Santos Pereira, a situação reflete o “descaso” dos gestores com a população desabrigada.
“Notamos que a prefeitura tem se preocupado pouco com essas pessoas. Fica claro que o que eles estavam fazendo era, de fato, uma ‘higienização'”, ela criticou.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.