Cerca de 150 integrantes de sete povos do Maranhão interditaram no início da tarde desta quinta-feira, 4, a Estrada de Ferro Carajás, que liga as jazidas de minério de ferro da Vale ao porto de São Luís, capital do estado. O trecho da ferrovia bloqueado passa pela Terra Indígena Caru, onde vivem os Awá-Guajá e Tenetehara (Guajajara), no município de Alto Alegre do Maranhão. Segundo as lideranças, a ocupação será mantida por tempo indeterminado.
De acordo com os líderes do movimento, a ferrovia foi bloqueada porque os povos ocupam, há dez dias, a sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), órgão da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Ministério da Saúde, localizado no prédio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na Jordoa. Porém, até agora não tiveram suas reivindicações atendidas. “Por isso, os parentes decidiram interditar a ferrovia para serem ouvidos”, explicou Lourenço Krikati, de 44 anos, da Terra Indígena Krikati.
Entre as reivindicações dos índios, estão as exonerações de Licínio Carmona, gestor do DSEI, e de Antônio Izildo, chefe da equipe de divisão técnica. “Eles desrespeitam o controle social da saúde indígena e a gestão é péssima. Precisamos de pessoas que priorizem o diálogo com o movimento indígena e as comunidades”, afirmou Lourenço, também integrante do Conselho Nacional de Saúde Indígena.
Além da substituição dos dirigentes, os povos exigem melhorias nas condições de trabalho dos servidores do DSEI. Desde o último dia 24 de junho, as comunidades contabilizaram seis mortes em decorrência da falta de estrutura para o atendimento da saúde. “Faltam medicamentos, transporte para os doentes. A desassistência faz com que os casos fiquem graves e caminhem para o óbito”, disse Lourenço.
Para a liderança, a situação é de colapso e, por conta disso, os povos estão dispostos a levar as mobilizações para outros pontos do estado, com novas ocupações e trancamentos. Os povos presentes nas mobilizações são os Krenjê, Tenetehara, Awá-Guajá, Apãniekra, Ramkokramekra, Gavião e Krikati. “Queremos dialogar, mas não mais com esses dirigentes. Esse é o nosso desejo”, encerrou Lourenço. (Redação do Jornal Pequeno com Renato Santana, da assessoria do Conselho Indigenista Missionário, em Brasília).