Fonte: Combate Racismo Ambiental
No Maranhão, governo do Estado e o governo federal são omissos na defesa dos territórios indígenas. Madeireiros e fazendeiros destroem Terra Indígena Alto Turiaçu do Povo Ka’apor
O povo Ka’apor da Terra Indígena Alto Turiaçu vem sofrendo a décadas na região noroeste do Maranhão desde que inúmeros grupos foram dispersos ou forçados a migrar do Pará ao Maranhão por inúmeras frentes de contato e expansão madeireira na região.
A cobiça pela madeira tem destruído o habitat natural de povos indígenas no Maranhão, sobretudo, os Ka’apor e os Awá Guajá que estão na última área de reserva florestal da Amazônia Oriental.
Se não bastassem os ataques, violências, assassinatos, intimidações, ameaças que esses povos vêm sofrendo de madeireiros e fazendeiros na região.
Com o processo de desmantelamento, sucateamento do órgão responsável pela fiscalização, vigilância e proteção dos territórios indígenas no Estado, assistimos grupos ruralistas e madeireiros determinarem a política do Estado, se utilizando do executivo municipal e secretarias municipais para expandir seus planos na região.
Tudo isso com anuência do governo do Estado que concede licenças ambientais para o desenvolvimento de “planos de manejo” em terras da união, como, territórios indígenas, reservas florestais, áreas de proteção ambiental, e até Reserva Biológica, como é o caso da REBIO Gurupi.
Com isso, grupos econômicos vêm seus “negócios ambientais” serem ampliados; seus projetos agropecuários e do agronegócio expandidos; forçando um processo de desterritorialização multifacetado e permanente de povos originários, como vem ocorrendo com grupos de Awá Guajá e o grupos de Ka’apor que, com suas lógicas de mundo, resistem com suas práticas tradicionais de vida, mantendo a floresta em pé.
Porém, essas práticas estão sendo cotidianamente ameaçadas por aberturas de estradas, invasões de caminhões de madeireiros, instalações de serrarias no interior das aldeias, aliciamento de indígenas à venda ilegal de suas riquezas (florestas, caças, aves); em troca de bebidas alcoólicas, motos, caminhonetes, comidas, e até acesso a programas sociais do governo federal, como é o caso da Bolsa Família.
Essas comunidades indígenas vêm ao longo desses anos apelando e forçando ações do governo no sentido de resguardar sua integridade física e cultural, mas ficam apenas a aguardar os planos, promessas sustentadas em limites orçamentários.
Enquanto isso, lideranças contrárias a essas agressões ao seu território, às “negociações florestais” e que defendem seu povo, têm sido perseguidas, intimidadas e agredidas no interior de suas aldeias e nas cidades da região.
–
Enviada por José Andrade para Combate Racismo Ambiental.
Foto da p.1 do original: