Por Ruy Sposati, em Xingu Vivo
Os 170 indígenas acampados há quatro dias na Usina Hidrelétrica Belo Monte exigem a retirada imediata da polícia da ocupação do canteiro. Os manifestantes temem que aconteça o mesmo que no Mato Grosso do Sul, onde uma ação de reintegração de posse na Terra Indígena Buriti terminou com a morte de um indígena Terena na manhã desta quinta-feira, 30.
“Será que depois de um juiz ter derramado sangue no Mato Grosso do Sul, o juiz daqui vai decidir fazer o mesmo?”. Os manifestantes de Belo Monte aguardam uma proposta do governo federal sobre as reivindicações da ocupação.
“Enquanto a houver a presença dos policiais da Força Nacional, não podemos dialogar”, afirmaram os indígenas em carta escrita na manhã de quinta. A notícia do assassinato de um indígena Terena pela Polícia Federal dentro da Terra Indígena Buriti preocupou ainda mais os indígenas, que já temiam um ataque violento.
“Nós estamos sendo desrespeitados por absolutamente todo mundo”, afirmaram os indígenas em coletiva de imprensa nesta quinta-feira pela manhã. “O governo, a polícia, a Funai estão ignorando nossas reivindicações, fingindo que não entendem. Nós estamos esperando a chegada de representantes do governo para eles nos ouvirem. Mas depois de recebermos essa notícia, entendemos qual é o recado do governo e da sua polícia”, afirma a liderança Valdenir Munduruku.
Ainda assim, os indígenas são taxativos. “Se quiser mandar policial pra nos matar, tirar a força, que mande. Tudo o que acontecer aqui a partir de agora é de responsabilidade do governo federal. Nós já entendemos o tom que ele fala com os povos indígenas”, conclui.
Até as 13h, não houve tentativa de cumprimento da reintegração de posse deferida pela Justiça em Belo Monte.