Folha de S.Paulo
O fotógrafo Silvaldo Leung Vieira, ex-funcionário da Polícia Civil de São Paulo e autor da fotografia do jornalista Vladimir Herzog morto em 1975, visitará hoje, às 11h, o local onde funcionou o extinto DOI-Codi –um dos principais órgãos da repressão na ditadura militar (1964-1985).
Vieira fará a visita a convite da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo, que pretende reconstituir a cena do crime e esclarecer as circunstâncias da morte de Herzog.
Vlado, como era conhecido, compareceu espontaneamente ao DOI-Codi após ter sido procurado por agentes da repressão em sua casa e na TV Cultura, onde trabalhava como diretor de jornalismo. Ele foi torturado até a morte.
Na época, a versão oficial apresentada pelo Exército foi a de que ele havia se suicidado. Ficou famosa a fotografia de autoria de Vieira divulgada pelos militares, com a cena forjada de suicídio.
Na imagem, Vlado aparece pendurado por um cordão no pescoço, mas com os pés tocando o chão.
Em entrevista à Folha em 2012, o fotógrafo disse ter sido usado pelo regime militar para forjar a cena de suicídio.
Em março deste ano, após pedido da Comissão Nacional da Verdade, a família do jornalista recebeu um novo atestado de óbito, corrigindo a causa da morte.
Na certidão, passou a constar que Vlado morreu em decorrência de “lesões e maus tratos sofridos durante o interrogatório em dependência do 2º Exército (DOI-Codi)”, em substituição a “asfixia mecânica por enforcamento”.
Amanhã, a Comissão da Verdade da Câmara Municipal ouvirá depoimento de Silvaldo sobre o caso.
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Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.