CIMI – Somos 500 lideranças de mais de dez povos dos estados de Goiás e Tocantins, reunidos no acampamento da II Assembleia Indígena, em Palmas (TO), e queremos dizer que apoiamos as lutas travadas pelos Terena, do Mato Grosso do Sul, e os vários povos dos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires, no Pará.
Aqui estamos debatendo os problemas que motivaram vocês, parentes Terena, a retomarem as áreas invadidas por fazendeiros na Terra Indígena Buriti. Nas nossas áreas também é assim; o latifúndio invade, rouba, destrói a natureza e a gente resiste e faz retomada. A Funai é lenta e o governo federal não quer ela forte, então só resta nossa luta de retomar e fazer valer nossos direitos.
Preocupa que não é só a ação dos fazendeiros que ameaça nossas terras. Os grandes empreendimentos de energia também. Aqui na II Assembleia recebemos a informação de que 305 das nossas nações indígenas são impactadas por 527 grandes obras, sendo que 263 delas são de energia, de usinas hidrelétricas. Nos nossos estados temos usinas construídas e que o governo quer construir, como Serra da Mesa (GO), Estreito (TO), Serra Quebrada (TO).
Parentes, eles executam essas obras e nem nos consultam, como mandam as leis. Quando vão nas aldeias é só para fazer maldade, como fizeram com o parente Munduruku assassinado. Sabemos que aí no Pará a situação é muito ruim, mas também sabemos que vocês são guerreiros e resistem. A gente está vendo isso e apoiamos essas lutas. Não tem nada de Belo Monte ser fato consumado. Vocês dão força para a gente aqui também lutar. Admiramos a força de vocês e é com ela que vamos dar um basta nessas usinas de morte.
Isso forma uma rede de lutas, uma rede espiritual que nos une contra os Kupen (branco), que só nos fazem mal, que querem destruir nossos territórios sagrados para o bem deles, e de apenas uns poucos entre eles. Aqui nossas crianças morrem na barriga das mães. A gente passa sede e ameaças de morte, mas como vocês… não vamos desistir não!!! Estamos dispostos a dar nossas vidas pelas nossas terras. Os parentes sabem o que isso significa.
Pela terra indígena e contra as usinas na Amazônia e no país!!!
Palmas (TO), 23 de maio de 2013
Povos Xerente, Krahô, Javaé, Apinajé, Avá-Canoero, Krahô-Kanela, Karajá de Xambioá, Tapuia, Karajá de Aruanã e Kanela do Tocantins, além de parentes convidados dos povos Pataxó Hã-hã-hãe, Xavante, Guarani e Xukuru-Kariri.
Comunidades reunidas na II Assembleia dos Povos Indígenas de Goiás e Tocantins