Os representantes do movimento protestam contra o adiamento do julgamento do fazendeiro Adriano Chafik, acusado de comandar o ataque ao acampamento Terra Prometida, em Felisburgo. Ás 10h, serão recebidos pelo juiz do II Tribunal do Júri para receber explicações sobre o adiamento da sessão
Luana Cruz, Estado de Minas
Representantes do Movimento dos Sem Terra (MST) fazem passeata na manhã desta quarta-feira da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, no Bairro Santo Agostinho – onde estavam acampados – para o Fórum Lafayette, no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Eles protestam contra o adiamento do julgamento do fazendeiro Adriano Chafik, acusado de comandar o ataque ao acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, quando cinco pessoas morreram. Os manifestantes querem a remarcação da audiência, a prisão preventiva do acusado e assentamento de famílias acampadas na Fazenda Nova Alegria.
O grupo caminha pelas avenidas Barbacena e Augusto de Lima sem fechar totalmente o trânsito, mas ocupam boa parte das vias. A BHTrans alerta para retenções na região, onde cerca de 200 pessoas participam da caminhada.
Os Sem Terra vão se encontrar com o juiz do II Tribunal do Júri às 10h para receber explicações sobre o adiamento do julgamento. A sessão estava prevista para ser iniciado nesta quarta-feira, mas a defesa de Chafik apresentou na segunda-feira pedido de adiamento para que sejam ouvidas 60 testemunhas do processo na comarca de Jequitinhonha, a 690 quilômetros da capital. O pedido foi acatado pelo juiz.
A Chacina de Felisburgo ocorreu em 20 de novembro de 2004, quando 17 homens invadiram o acampamento Terra Prometida, na Fazenda Nova Alegria, e atearam fogo em barracos e plantações. Além das cinco vítimas executadas com tiros à queima-roupa – Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 – 20 pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de 12 anos. O crime foi a segunda maior chacina de sem-terra no País, atrás apenas dos assassinatos de 19 trabalhadores por policiais militares em Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 1996.
(Com João Henrique do Vale)
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Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.
Segundo a Wikipedia, a população da Comarca de Jequitinhonha em 2004 era de 22.986 habitantes. Mesmo que ninguém tenha nascido ou morrido nesses nove anos, acho que ainda dá para convocar algumas centenas de testemunhas… Quer dizer, se ainda estiverem vivas, no andar da carruagem…