Rosana Diniz, Cimi Regional Maranhão
Com esta nota queremos lamentar, profundamente, a morte da indígena Ajrua Awa-Guajá. Mãe de cinco filhos e tinha 40 anos, Ajrua residia na aldeia Awá, Terra Indígena Caru. A indígena faleceu no último sábado, 11, às 6 horas, no hospital Socorrão I, em São Luís (MA).
A causa da morte, confirmada nesta segunda-feira, 13, pela enfermeira do Polo Base-Santa Inês, Darlieny Marcela, foi Calazar – leishmaniose visceral. A morte de Ajrua é mais um caso de negligência a ser apurado na saúde indígena, neste caso, no atendimento aos Awá-Guajá. Segundo o Cimi, desde o dia 04 de abril, Ajrua já apresentava sintomas da doença, que um mês depois a matou.
Ajrua chegou a ser enviada ao Polo Base Santa Inês, mas logo retornou à aldeia. Ajrua não apresentava melhoras e retornou ao Santa Inês com a saúde agravada. Segundo um funcionário da Casa de Saúde Indígena (Casai) em São Luís, o resultado do exame confirmando a doença só saiu nesta segunda-feira, 13. A indígena chegou debilitada e com desmaios ao pedido por assistência médica.
O caso de Ajrua remete a tantos casos de negligência e descaso da falta de compromisso com a saúde dos povos indígenas e demais brasileiros do campo, das florestas e das cidades pelo governo brasileiro.
O Cimi lamenta mais essa morte e reafirma seu compromisso com o direito do povo a um atendimento específico e diferenciado, que inclui entre outras coisas, uma equipe multidisciplinar para atendimento exclusivo ao povo e investimentos na melhoria da saúde indígena.
Em 2011, uma criança Awá foi acometida pela doença. Felizmente, após intervenção do Cimi junto ao médico sanitarista Istvan Varga, a doença foi diagnosticada fora do Socorrão II depois de mais de uma semana de internação da criança.
Com preocupação, esperamos que a Sesai e o Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI/MA tomem urgentes providências com relação a mais esse caso de calazar na aldeia Awá. Pedimos ao MPF que investigue se houve negligência no atendimento da indígena.