BA – Caetité discute os riscos da mineração

manifesto-300x152CEAS – O dia 15 de maio se tornou um marco histórico na luta em defesa do meio ambiente e na denuncia de casos de violações dos direitos das comunidades, na cidade de Caetité-BA. A data faz memória às manifestações e repúdio da população contra a entrada de uma carga de 90 toneladas de material radioativo, transportado pelas Indústrias Nucleares do Brasil – INB, no município, em 2011. Desde então, nesta data, a cidade realiza uma programação especial para refletir sobre os verdadeiros efeitos da atividade nuclear no município, convocando a população a questionar sobre o tipo de riqueza que a mineração tem gerado e para quem?  Como vivem as comunidades do entorno da mina? E qual o destino do material, que após dois anos continua armazenado na INB?

Na programação desta edição, acontece nesta quarta-feira, 15/05, a Tribuna Popular, 11h, na Rádio Educadora Santana de Caetité; e o Cine Verde Comentado, às 17h, na Casa Anísio Teixeira. No dia 17/05, será realizada uma Mesa Redonda, na UNEB – Universidade do Estado da Bahia, às 19 h, com o tema: O dia em que Caetité se desperto para o risco da radioatividade.

Memória

A INB tentou entrar na cidade de Caetité-BA, em 15 de maio de 2011, as escondidas, com um carregamento de 90 toneladas de material radioativo para ser depositado na unidade de beneficiamento do município. Imediatamente a população tomou as ruas da cidade e num gesto concreto de cidadania mais de 3000 pessoas impediram a passagem da carga. A ação foi apenas o início de um conjunto de manifestações que ocorreram em outros municípios, a exemplo de Guanambi e Lagoa Real.

Uma comissão provisória com representantes da sociedade civil, empresa, órgãos de fiscalização e poder público foi constituída para discutir o impasse. Vários acordos surgiram no decorrer das discussões, entre eles a questão da segurança dos trabalhadores e das comunidades que vivem ao redor da mina; consolidação ou criação de uma comissão permanente para dialogo constante com a sociedade e o mais importante, que a carga seria retirada em sua totalidade da sede da empresa.

Passados dois anos, nenhum acordo foi cumprido por parte da empresa: os trabalhadores continuam sendo expostos a situações de riscos, foi o que se viu na fase de reentamboramento onde chegaram a passar mal, e nos vazamentos seguintes, tanto de urânio quanto de ácido sulfúrico, com danos imensuráveis para o meio ambiente e consequentemente a população local; a empresa se recusou a participar da formação da comissão permanente, o que inviabilizou sua constituição e provou  que se nega a assumir qualquer compromisso de transparência, respeito e responsabilidade para com a população; por fim, parte do material foi enviado para a França (que recusou por se tratar de material de baixo teor e que geraria uma grande quantidade de lixo) e a outra parte continua armazenada até os dias atuais na sede da empresa, contrariando um acordo firmado com a sociedade de que o material seria retirado em sua totalidade.

Compartilhada por Stéphan Munduruku Kaiowá.

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