Por Tatiana Merlino*, em VIOMUNDO
Para aqueles que lutam por memória, verdade e justiça, a última sexta-feira poderia ter sido uma data marcada apenas pelo cinismo e pela mentira, com o depoimento à Comissão Nacional da Verdade do ex-comandante do DOI-Codi Carlos Alberto Brilhante Ustra, declarado torturador pela Justiça de São Paulo. Só não o foi porque nesse mesmo dia houve o encerramento da emocionante semana do seminário “Verdade e Infância Roubada”, organizado pela Comissão da Verdade de São Paulo “Rubens Paiva”, quando filhos de ex-presos, mortos, torturados e desaparecidos políticos testemunharam sobre os impactos, traumas e sequelas que a ditadura civil-militar deixou em suas vidas.
Enquanto em Brasília Ustra gritava e dava socos na mesa ao negar ter cometido crimes durante a ditadura, dizendo que “cumpria ordens” e que lutou para que o Brasil não virasse um “Cubão”, em São Paulo os irmãos André e Priscila da Cunha Arantes, filhos do casal de militantes Maria Auxiliadora da Cunha Arantes e Aldo Arantes, ex-deputado federal (PCdoB), falavam sobre a experiência de sua prisão, em 1968, quando tinham somente três e dois anos, respectivamente. (mais…)