Cerca de 120 agroextrativistas geraizeiros, comunidade tradicional das áreas de Cerrado, vinculados ao Movimento Geraizeiros, apoiados pela OLST (organização para libertação do sem terra), ocuparam na noite de ontem (10) a sede da empresa Estância Lagoa da Pedra, localizada no município de Montezuma, norte do Estado de Minas Gerais. A ocupação faz parte da estratégia de luta das comunidades que há 11 anos reivindicam a criação da RDS – NASCENTES GERAIZEIRA. Nesse tempo, grande parte do Cerrado foi destruído, comunidades tradicionais perderam seus territórios e várias nascentes d’água secaram em decorrência das monocultoras e explorações predatórias. A área da RDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável compreende um total de 38 mil hectares, constituída em grande parte por terras públicas, localizadas nos municípios de Montezuma,Vargem Grande do Rio Pardo e Rio Pardo de Minas. Os geraizeiros exigem a imediata assinatura do processo da RDS, que já está na Casa Civil aguardando somente a vontade política da presidenta Dilma Rousseff para assiná-lo.
Os geraizeiros denunciam que nos últimos meses vem aumentando a pressão dos fazendeiros e empresários na destruição dos últimos remanescentes de cerrados. Denunciam também que, em setembro passado, fazendeiros desmataram com roçadeira cerca de 600 ha onde o cerrado encontra-se em pleno processo de regeneração, com centenas de pés de pequi, mangaba e panã, no divisor de águas das nascentes do Córrego do Guará com o Córrego Roça do Mato. Segundo eles, fazendeiros realizam constantes tentativas de ocupação do Areião, área onde o Cerrado encontra-se intacto, a fim de demarcar áreas para plantio de eucalipto. No ano passado, denunciaram a pulverização aérea com agrotóxicos nas áreas de eucalipto localizada nas imediações do P.A. Vale do Guará, divisa dos municípios de Vargem Grande com Montezuma, onde várias pessoas foram contaminadas. Em função desta denúncia, a Secretaria Estadual de Saúde fez diligência no município para apurar a questão.
Terras Públicas
Estima-se que 1/3 do território mineiro, de 11 a 18 milhões de hectares de terra, sejam de terras públicas, a maioria delas no Norte de Minas. Apesar da Constituição Mineira ser explícita quanto à destinação destas à reforma agrária, o governador Anastasia enviou à Assembléia Legislativa Proposta de Emenda Constitucional – a PEC 43 – para mudar esta função. O governo do Estado propõe que seja elevado de 250 a 2500 hectares o limite para repasse de terras devolutas a pessoas e empresas. Na opinião dos geraizeiros, que há séculos vivem nestas terras, a proposta visa legitimar a grilagem de terras no Estado, atendendo os interesses daqueles que, desde a década de 60, invadiram seus territórios para instalação de empresas de monoculturas, principalmente o eucalipto. Diante de ameaças como estas, os geraizeiros enxergam a RDS como solução, para que pelo menos os remanescentes de Cerrado que ainda existem sejam preservados.
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Enviada por Helen Santa Rosa para Combate Racismo Ambiental.
Você não gostariam de lançar uma campanha de abaixo assinado pela internet pedindo a criação da reserva? A Avaaz tem uma forma simples de fazer as campanhas e se precisar posso ajudar. Boa sorte Suzana