Uma queda de braço desigual e criminosa!
A Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul – ARPINSUL vem a público manifestar sua indignação e repúdio pela decisão da Ministra Chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, em suspender as demarcações de terras indígenas no Estado do Paraná.
O pedido da Ministra Chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, para suspender a demarcação de terras indígenas no Estado do Paraná, que sempre primou pelo diálogo com os Povos Indígenas, coloca um marco negativo nas relações respeitosas que o Paraná exemplarmente desenvolveu com os Povos Indígenas, o que retrata a arrogância do cargo que Gleisi ocupa na cúpula do governo.
A causa da lamentável decisão foi a sua suposta candidatura ao governo do Paraná, onde ela quer ser eleita governadora no próximo ano. As vaias que a Presidente Dilma recebeu quando em visita nos Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, por movimentos organizados pelo agronegócio que disputa a posse das terras tradicionalmente ocupadas com os Povos Indígenas transmitiu certo peso nas suas intensões políticas. E para ser eleita, tem que fazer as vontades dos fazendeiros que com certeza vão financiar seus gastos de campanha.
Outra condição absurda é submeter a EMBRAPA uma empresa de pesquisa do governo, a avaliação dos processos demarcatórios das terras indígenas. Isto é no mínimo um ato nefasto, na medida em que coloca por terra o trabalho sério de técnicos do próprio governo, para desavergonhadamente privilegiar o agronegócio! A EMBRAPA é tão somente uma empresa de pesquisa e que agora passa a ter o papel de avaliar, a fins inconfessáveis, os estudos em andamento realizados pela FUNAI, desmerecendo e publicamente desmoralizando um órgão do próprio governo, que chegou ao desgaste que hoje se encontra por desmandos e irresponsabilidades do próprio executivo, que gradativamente provocou tal desgaste.
A falha não é da FUNAI, a falha se deve ao conjunto de decisões equivocadas que o Estado Brasileiro tem tomado em relação aos Povos Indígenas, que agora são colocados publicamente como os inimigos do governo e do agronegócio e consequentemente do desenvolvimento. É muito mais fácil encontrar um culpado para os seus sucessivos erros, do que encontrar uma saída negociada e civilizada para a questão indígena, que merece o respeito e a consideração das instituições do Estado.
Mais uma vez os direitos indígenas sofrem um duro golpe daquele que deveria defendê-lo, o Estado Brasileiro, no entanto o agronegócio é o merecedor das recompensas, da solidariedade e da proteção do Estado Brasileiro em detrimento de direitos humanos e fundamentais conquistados a nível nacional e na arena internacional a duras lutas pelos Povos Indígenas, direitos estes jogados no lixo da história pelos colonizadores e pelo Estado, que agora cala a nossa voz em nome do desenvolvimento.
Enquanto o Estado Brasileiro não tratar a questão indígena com o respeito que merece, os conflitos serão constantes e a violação de direitos humanos se intensificará ainda mais, porque não nos calaremos e seremos implacáveis na luta pelos direitos que custaram o sangue dos nossos antepassados!
NUNCA MAIS UM BRASIL SEM OS POVOS INDÍGENAS!
ARPINSUL
08 de maio de 2013
–
Compartilhada por Pablo Matos Camargo.
òtimo artigo, esclarecedor. Mais uma vez interesses pessoais, eleitoreiros se sobrepondo aos verdadeiros interesses nacionais,especialmente os indigenas como posto? A República das mulheres não pode nos envergonhar por ações espúrias como essa, a luta pela Demarcação é árdua e continua e pouco se tem feito nesses ultimos governos. E as promessas eleitorais e com as entidades indigenas ou mesmo a Funai? Há que se cobrar!!