Alexandre Anderson inspira trabalhos de arte de crianças numa escola de Dublim, Irlanda

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Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Ameaçado de morte, vítima de seis tentativas de assassinato, mantido longe de sua luta na Ahomar (Associação Homens e Mulheres do Mar) e de sua casa e amigos de Magé, Alexandre Anderson há meses perambula com a família por hotéis e apartamentos de outros municípios, “fugido e escondido” como se fosse um criminoso. A realidade, como sabemos, está bem longe disso: Alexandre é um Defensor dos Direitos Humanos, reconhecido pelo Programa Nacional da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Mas não é bem esse o tratamento que ele e sua mulher (Daize Menezes, também inscrita no Programa) recebem, em termos de proteção e de garantias para poder manter a sua luta.

Felizmente, Alexandre  e Daize têm o apoio de diversas entidades, brasileiras e internacionais, que acompanham de perto sua peregrinação e, sempre que necessário, promovem uma “gritaria” em diversos países, para garantir os direitos do casal. No que diz respeito ao exterior, a ONU – que apresentou o Brasil e o caso de Alexandre, em particular, com um exemplo de proteção aos Defensores de Direitos Humanos, em livro lançado há poucos meses – deveria ser sua grande garantia. Não é isso que acontece, porém. Dos aliados internacionais, o mais presente, acompanhando cada detalhe do que sucede ao casal e sempre pronta a vir em socorro, é uma ONG sediada na Irlanda: a Front Line Defenders. E, nela, uma pessoa em especial, que abraçou a causa profissional e pessoalmente: uma jovem chamada Marina Lourenço. 

Foi a partir do trabalho de Marina e da Front Line Defenders que crianças entre 5 e 12 anos de idade, da escola Northbay Educate Together, de Dublim, participaram de um projeto especial: durante um mês, aprenderam sobre o importante trabalho dos Defensores dos Direitos Humanos, tendo como exemplos as histórias de diversas pessoas com quem a Front Line Defenders vem colaborando. Entre elas, Alexandre Anderson.

Segundo Charlie Lamson, também da Front Line Defenders e que acompanhou o projeto, “ao longo desse mês, os estudantes criaram seu próprio trabalho de arte inspirado pelo que Alexandre faz. Ao final, a escola promoveu uma exibição de arte para os pais e membros da comunidade local, para mostrar o que as crianças tinham aprendido e dar aos pais a oportunidade de também aprender sobre a sua luta”.

E ele conclui, na mensagem que Marina traduziu do inglês para Alexandre:

“Envio algumas fotos de pinturas dos estudantes que você inspirou. Eu também prometi às crianças que enviaria isso para você, e elas pediram-me que dissesse ‘oi’ em nome delas e que desejasse sucesso e sorte no seu trabalho. Há muitas pessoas pensando em você na escola Northbay Educate Together!”.

Não sei de nenhuma escola brasileira, em qualquer grau, que esteja trabalhando esse assunto. Infelizmente.

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