Renata Leite – O Globo
RIO – Depois de quase três anos vivendo em situação precária no 3º Batalhão de Infantaria (BI), em São Gonçalo, parte das 89 famílias sobreviventes da tragédia do Morro do Bumba, em Niterói, vê a possibilidade de enfim se mudar para uma casa própria se distanciar. A entrega de apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida prometida para julho deste ano deve ser adiada pela construtora, após dois dos 11 prédios erguidos no bairro do Fonseca apresentarem rachaduras, como mostrou ontem o “RJ-TV”, da TV Globo. Pelo menos um deles terá que ser inteiramente demolido e reerguido. Em relação ao outro, ainda está sendo analisado se será posto abaixo ou se há possibilidade de ser recuperado. Cada edifício custou R$ 2 milhões da verba total de R$ 27 milhões liberada pela Caixa Econômica Federal para a construtora Imperial Serviços Limitada.
Os conjuntos habitacionais Zilda Arns I e II, na Rua Teixeira de Freitas, terão 454 apartamentos. Cada edifício tem cinco andares. As rachaduras foram flagradas nas unidades do Zilda Arns II, que consumiu quase R$ 22 milhões dos investimentos. Representantes da CEF e da Imperial Serviços se reuniram ontem para discutir os problemas no projeto. A construtora alegou que um deslocamento no solo causou as rachaduras. Na reunião, a empresa não apresentou novo prazo para a entrega das unidades, já que os prédios precisarão passar por tratamento diferenciado, para evitar a volta dos problemas. O GLOBO não conseguiu contato com a Imperial.
Um dos conjuntos será entregue em abril
Já os apartamentos do Zilda Arns I, que não foram afetados, têm previsão de entrega para abril deste ano. O conjunto habitacional terá 83 unidades. Segundo a assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal, não haverá mudança nesse cronograma.
Na hipótese de se confirmar que os problemas nos dois prédios foram causados exclusivamente por alagamento, os custos de demolição e da reconstrução dos blocos serão arcados pela seguradora. Caso contrário, o ônus será da construtora.
Enquanto isso, as 268 pessoas, sendo 144 crianças, instaladas no 3º BI vivem em meio ao lixo e sem condições de higiene, como mostrou um reportagem publicada pelo GLOBO domingo. Num dos banheiros, três dos quatro vasos sanitários foram retirados. O único restante está quebrado. Como resultado, o chão está repleto de fezes e urina, e um forte mau cheiro toma todo o local. Uma ratazana foi vista no banheiro.
Nos últimos 12 meses, duas crianças que viviam no 3º Batalhão de Infantaria morreram de pneumonia, após serem internadas no Hospital Getulinho, no Fonseca. Há denúncias também de diversos casos de hepatite e de dengue, e de pelo menos um episódio de tuberculose, entre outras doenças.
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Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.
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