Luciano Nascimento, Repórter da Agência Brasil
Brasília – Ao lembrar o Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje (8), a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, lamentou que a data, muitas vezes, fique reduzida à distribuição de flores e presentes. “A mulher que luta, que diz que lugar de mulher não é no tanque e no fogão, ela não precisa ganhar flores e nem parabéns neste dia, ela tem que ganhar respeito e protagonismo na sociedade brasileira”, disse ao participar de cerimônia no Ministério da Justiça em homenagem às mulheres perseguidas por suas posições políticas durante a ditadura militar.
Na ocasião, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça também avaliou sete processos de anistia política de mulheres perseguidas pela regime militar. A ministra citou situações de tortura enfrentadas por mulheres que lutaram contra a ditadura e que “remontam a uma história que não tem esquecimento.” E homenageou as mulheres que sofreram aborto em decorrências das torturas e as que foram presas junto com os filhos. “Ter tido filhos talvez tenha sido a maior marca de resistência de uma mulher nesse período,” comentou.
Durante a cerimônia, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ressaltou que durante a ditadura militar foram perseguidos militantes políticos, entre os quais, muitas mulheres. Cardozo disse esperar que “o estado brasileiro nunca esqueça esse período de exceção e que continue a ser o Estado de Direito que muitos deram a vida para reconquistar.”
A comissão também recebeu os pedidos de anistia de Maria Aparecida Rodrigues de Viana, Cipriana da Cruz Rodrigues, trabalhadoras rurais de Minas Gerais perseguidas por sua atuação na luta por reforma agrária e de Júlio Rodrigues de Miranda, assassinado pelo mesmo motivo.
Os três eram do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Unaí (MG), e junto com mais dez famílias foram expulsos das terras que ocupavam por latifundiários apoiados pelo regime militar, no final da década de 70. “O que nós queremos mais do que tudo é o resgate da nossa dignidade e dessa luta pela terra. Queremos que as pessoas conheçam a verdade”, disse Maria Aparecida, que à época presidia o sindicato.
Edição: Carolina Pimentel
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