Ao todo, 36 índios do curso Magistério Indígena Tremembé Superior colaram grau ontem
Thaís Lavor
“A sociedade diz que índio não existe, mas nós existimos, sim, e somos capazes de nos organizar”. Afirmou o cacique Tremembé João Venâncio, durante a colação de grau da primeira turma de licenciatura intercultural do Nordeste, composta por 36 índios da tribo Tremembé.
O momento foi significativo tanto para esfera local quanto para regional e nacional, pois, de acordo com o coordenador do curso de Magistério Indígena Tremembé Superior, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Babi Fonteles, representa a inclusão social dos povos indígenas.
“Contemplamos dentro do currículo acadêmico deles os saberes Tremembé, e a outra parte com os saberes da profissão docente. E assim, por meio da educação diferenciada, esse povo terá outras vias, no caso a educação, para preparar as novas gerações para a luta de autoafirmação étnica e territorial”, declarou o coordenador.
O caráter inovador é demonstrado nas atividades acadêmicas realizadas, integralmente, no ambiente da aldeia, em etapas mensais, itinerantes, que se revezavam entre as comunidades Tremembé.
Participação
Dessa forma, lideranças, pais, mães, jovens e crianças indígenas puderam participar ativamente de muitos momentos significativos do curso, tendo livre acesso às aulas ministradas.
Com uma carga horária 4.000 horas-aula, o curso foi reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) em 2008. Idealizado pelos próprios índios em 2006, o curso conjuga os saberes próprios da tradição Tremembé com os conhecimentos teóricos e metodológicos característicos da formação para o exercício da docência. Os graduandos ficam, assim, aptos para o exercício do magistério nas escolas diferenciadas de sua etnia.
Entre os docentes que ministraram aulas, vindos de diversos lugares do país, destacam-se o Cacique João Venâncio e o Pajé Luís Caboclo, ambos da etnia Tremembé.
Os 36 professores formados ontem, já exerciam há tempos o magistério nas escolas indígenas da etnia, mas agora possuem o diploma de nível superior, formados pela primeira turma do Curso de Magistério Indígena Tremembé Superior (MITS).
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Compartilhada por Fernanda Rodrigues.
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