“Povos Tradicionais: união nas lutas”, por Egon Heck

No início da década de 70 os povos indígenas do Brasil começaram a romper a cerca do isolamento e silêncio a que estavam confinados, não podiam imaginar que quatro décadas depois essa união estaria se estendendo aos povos e comunidades tradicionais de todo o país.

Para Ninawá Hunikui, do Acre, esse é um momento histórico, pois “o mundo está doente, precisa de cura”. E os povos indígenas vêm enfrentando e denunciando esse sistema há décadas, numa resistência secular e sabedoria milenar. E agora estão com os quilombolas, pescadores artesanais, ribeirinhos, quebradeiras de coco, dentre outros, partilhando lutas e esperanças, construindo a união indispensável para enfrentar os poderes que os oprimem e insistem em negar seus direitos. “A senzala não acabou. A escravidão continua”, denunciam os participantes.

Na medida em que as realidades doídas, lutas sofridas, violências e resistências foram sendo partilhadas ia ficando claro que só tem um caminho para reconquistar a liberdade e Bem Viver: lutar unidos pelos territórios livres.

Quando foi relatado e mostrado a violência que a marinha está cometendo há 40 anos contra a comunidade quilombola de Rio dos Macacos, na Bahia, uma grande indignação e revolta tomou conta do auditório. Foi aprovada uma moção de repúdio ao que qualificaram de ações e políticas nefastas e genocidas.

Diante das narrativas de agressões, invasões, destruições e mortes em decorrência do insaciável avanço dos interesses do agro e hidronegócio, do grande capital, não basta botar a boca no trombone, denunciar, é preciso união para agir e pressionar os três poderes do Estado, que se colocam a serviço desse projeto de morte e opressão.

Na manhã do dia 28, uma delegação dos participantes do Seminário “Os territórios das Comunidades Tradicionais e o Estado Brasileiro” tiveram encontro com o presidente da Câmara dos Deputados e o líder do PT, entregando documento com  suas  apreensões sobre os projetos que pretendem  desconstruir direitos dos povos e comunidades tradicionais, impedindo o reconhecimento dos territórios e promovendo a invasão e saque dos recursos naturais nas terras já reconhecidas.

Dentre as principais deliberações ficou a ampliação da solidariedade entre os povos a partir das situações mais dramáticas, a formação política, ampliação das alianças e mobilizações desde nível nacional até internacional.

Segue a carta, na íntegra

Egon Heck

Povo Guarani Grande Povo

Brasília, 28 de fevereiro de 2013

http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=6738&action=read

Enviada por Paulo Daniel Moraes.

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