Iolanda é cozinheira das 7h às 19h e faxineira das 22h às 6h; despejada do prédio da Av. Ipiranga com mais 94 famílias, vive hoje com sua filha numa barraca de lona no centro de São Paulo pois a Prefeitura alega não ter alojamento “por falta de verba”
José Francisco Neto, de São Paulo
Iolanda Nascimento Ferreira chega todos os dias exausta do serviço. Exerce a profissão de cozinheira, na Vila Matilde (SP), das 7h às 19h, e faz “bico” no hospital Oswaldo Cruz, na região da Paulista, das 22h às 6h da manhã. Trabalha 20 horas por dia e descansa apenas duas. “Eu já trabalho de cozinheira há nove meses, mas arrumei um bico no hospital depois que vim parar na rua. Quero juntar um dinheiro para ver se consigo alugar pelo menos um quarto”, conta.
Há duas semanas, ela e sua filha Camile, de 8 anos, foram despejadas com mais 94 famílias do prédio da Av. Ipiranga, 908, no centro de São Paulo. O imóvel, abandonado por mais de sete anos, estava ocupado há dez meses pelos sem-teto, que exerciam a função social da propriedade, conforme determina a Constituição.
Hoje, seu “lar” é apenas uma barraca de lona improvisada na praça do correio, no centro da capital. As famílias sem-teto ficaram jogadas ao léu, sem assistência da prefeitura, que alegou não ter verba suficiente e nem espaço para alojá-las. “Para Prefeitura nós não somos nada, apenas um monte de entulho jogado”, expressa. (mais…)