Vale é denunciada à OIT por práticas antissindicais

Para o Sindiquímica-PR, multinacional tenta conter a força de reivindicação dos empregados para precarizar as condições de trabalho

Daniele Silveira, de São Paulo, da Radioagência NP

Representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas do Estado do Paraná (Sindiquímica-PR) apresentaram na última quinta-feira (30) à Organização Internacional do Trabalho (OIT) denúncias de práticas antissindicais cometidas pela Ultrafértil S.A. A empresa integra a multinacional Vale. Em 2006, o Sindicato já havia apontado posturas ilegais da empresa ao poder público.

Os trabalhadores ainda relatam falta de garantia ao livre exercício da organização, liberdade e autonomia sindical. Entre os casos de violação denunciados estão a intimidação; demissões como penalidade pela participação nas ações sindicais da categoria; impedimento da entrada de dirigentes sindicais no interior da fábrica para recolher informações sobre as condições de trabalho; e discriminação contra diretores sindicais nos processos de promoção da empresa. (mais…)

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A longa tradição das “entrevistas” inventadas

Por Sylvia Debossan Moretzsohn, do Observatório da Imprensa

Uma revista publica um pingue-pongue – entrevista em formato de perguntas e respostas – com um jornalista que imediatamente denuncia em seu blog o “engodo”, porque não teria dado entrevista alguma; a revista responde reafirmando a autenticidade do texto e tudo fica por isso mesmo, a palavra de um contra a da outra.

Foi na semana passada. A edição 2284 da Veja Rio, que começou a circular no domingo (26/8), trazia, na coluna “Beira Mar”, uma suposta entrevista com o colunista esportivo Renato Maurício Prado, do Globo, sobre o fim de seu contrato com a SporTV, depois de uma discussão ao vivo com o apresentador Galvão Bueno, durante um programa de debates nos últimos Jogos Olímpicos.

Já na terça-feira (28), na nota “Pingo nos is”, ao pé de seu blog, reproduzida no dia seguinte em sua coluna no caderno de Esportes do jornal impresso, Renato afirmava que não dera entrevista: teria apenas atendido ao telefonema da repórter e explicado que não queria falar, “até por entender que nós, jornalistas, não somos notícia”. Ressaltava inclusive um erro na menção à sua participação num programa de rádio, já extinto havia mais de dois anos, e lamentava a utilização de uma foto sua, feita para sua coluna no Globo, pois, para o leitor, ficava a impressão de que ele teria posado para Veja. (mais…)

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Mulher processa senador do PSDB-PA por racismo

O senador Mário Couto (PSDB-PA) é acusado de racismo e abuso de autoridade por uma mulher a quem teria ofendido, chamando-a de “preta”, “safada”, “macaca”, “vagabunda”, e outros palavrões. A assistente-administrativa Edisane Gonçalves de Oliveira, de 34 anos, contou em depoimento na polícia que após revidar às supostas agressões verbais do senador e diante de várias testemunhas, foi detida por ordem de Couto, que alegou ter sido “desrespeitado como senador da República”. Levada à delegacia de Salinópolis – um balneário banhado pelo Oceano Atlântico na região nordeste do Pará, a 265 km de Belém – a mulher prestou depoimento e foi liberada. Ainda no mesmo dia, ela decidiu processar o senador.

O promotor de Justiça de Salinópolis, Mauro Mendes de Almeida, procurado pelo Grupo Estado, informou que remeteu as peças do inquérito policial para o Supremo Tribunal Federal (STF) em razão de o senador gozar de foro privilegiado. Mas quem decidirá se abre ou não processo contra Couto é o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a quem a queixa crime será remetida pelo STF.

O caso ocorreu no dia 13 de agosto passado, durante uma caminhada do senador e de seus cabos eleitorais pelas ruas do bairro Cuiarana. Couto apoia o candidato a prefeito Di Gomes, mas alguns moradores, incluindo Edisane Oliveira, não permitiram que cartazes com a foto do afilhado político dele fossem pregados nas paredes de suas residências. Isso irritou o tucano, conhecido pelo temperamento explosivo. (mais…)

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BA – Movimento de pescadores e marisqueiras faz protesto em Coroa Branca

Informações de Arnaldo Ramos, enviadas por Ney Didãn para Combate ao Racismo Ambiental:

Cerca de 60 pessoas, entre pescadores, marisqueiras, moradores e movimentos sociais, realizaram manifestação em Coroa Branca, distrito de Acupe, Santo Amaro, com o objetivo de protestar contra uma construção que está sendo feita no local. Os manifestantes colocaram faixas por toda a área, enquanto gritavam palavras de ordem, como “o território é nosso”, “Coroa Branca é nossa” e “A comunidade não vai se calar”, expondo sua indignação pelo descaso do poder público. Para eles, a construção irregular e o aterramento do território, que atinge comunidade tradicional de pescadores e marisqueiras, além de quilombolas, faz de todos vítima de “racismo ambiental”.

Quase no final da manifestação, chegaram policiais portando documento no qual os responsáveis pela obra afirmavam que ela teria por objetivo “construir uma mureta de contenção para evitar erosão do solo e perda da vegetação, decorrentes da ação da maré”. Mas a comunidade e os policiais constataram ser tudo o inverso do que estava escrito: “a pseudo contenção é uma grande extensão murada e que será aterrada, causando dano e desgraça ambiental. Os manguezais estão sendo destruídos, inclusive com uso de moto serras, e a construção está impedindo a movimentação dos animais aquáticos e subaquáticos em seu habitat natural, já havendo peixes mortos no local”. Os manifestantes pretendem buscar apoio junto ao Ministério Público federal e estadual, para defender seu território e o meio ambiente.

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Governo ainda evita discussão pública sobre papel colonial da Vale

Por Lucio Flavio Pinto

Em três dos 10 anos em que presidiu a antiga Companhia Vale do Rio Doce, entre 2001 e 2011, Roger Agnelli manteve uma guerra de guerrilhas com o governo do PT. A incompatibilidade foi transmitida por Lula a Dilma Rousseff. A queda de braço foi vencida pelos petistas, depois de um “chega pra lá” no Bradesco. No final de abril de 2011, quando seu mandato encerrou, Agnelli não foi reconduzido à direção da maior empresa privada do país, a segunda mineradora do mundo. Nesse mês escrevi o seguinte:

Murilo Ferreira, que vai substituí-lo não deverá discrepar do padrão estabelecido para o ocupante do cargo. O Bradesco, que colocou Agnelli no topo da Vale, precisou ser convencido de que era melhor para todos encerrar essa permanência.

Ela já era longa para os padrões do capitalismo de mercado brasileiro (por mercado, entenda-se: com ações para valer na bolsa). Em compensação, o banco – que perdeu a hegemonia no setor financeiro para o Itaú, depois que a corporação dos Setubal engoliu o Unibanco, dos Moreira Salles – ficou com as cartas da sucessão. (mais…)

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Revista denuncia interesse de Romero Jucá na mineração em Terras Indígenas

Élissan Paula Rodrigues

A edição desta semana da revista ÉPOCA, da Editora Globo, traz matéria que afirma que a filha do senador Romero Jucá (PMDB), Marina Jucá, seria uma das beneficiadas pelo projeto de lei de mineração em áreas indígenas.

O texto, do jornalista Marcelo Rocha, começa informando que no dia 17 de maio o senador subiu à tribuna do Senado para defender a regulamentação da mineração em terras indígenas, prevista pelo Projeto de Lei 1.610/96, sob análise pelo Congresso Nacional.

“Haverá pagamento de royalties ao Poder Público e também à população indígena. Ganhará o direito à mineração aquele que pagar mais à comunidade indígena. Haverá uma licitação. Haverá todo o cuidado ambiental antropológico da Funai [Fundação Nacional do Índio]”, disse o parlamentar em discurso encerrado pedindo a aprovação da matéria ainda este ano.

A matéria aponta que a “pressa” do senador em ver aprovada a legalização da atividade teria sido motivada pelo pedido de autorização ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) feito pela empresa de sua filha – Marina. No dia 2 de abril, pouco mais de um mês antes do discurso de Jucá, a empresa Boa Vista Mineração pediu autorização para explorar ouro em nove terras que contém áreas indígenas. Marina Jucá, 29 anos, é sócia majoritária da empresa que possui capital de R$ 2 milhões. (mais…)

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A história se repete

No dia 1º de setembro, ocorreu na Nova Holanda, no Conjunto de Favelas da Maré, uma operação policial que resultou na morte de dois jovens. A ação da PM também teve como “saldo” o arrombamento da casa de uma senhora de 65 anos, de onde foram roubados cerca de R$ 1.500,00 em dinheiro (a quantia seria usada para custear uma operação de catarata).

Os homicídios e o roubo aconteceram quando representantes de organizações e lideranças comunitárias se preparavam, no local, para a “Conferência Livre do Plano de Direitos Humanos da Maré”. Os participantes do encontro, que foi interrompido logo no início, colheram relatos de moradores e foram à 21º Delegacia (Bonsucesso) para registrar queixa.

Situações como estas, decorrentes de operações autorizadas pelo Estado, nas quais seus agentes roubam e matam nas favelas, se repetem há décadas. Neste tempo, familiares e amigos de vítimas denunciaram a brutalidade do Estado, organizações de direitos humanos fizeram relatórios, universidades produziram pesquisas, gente sensível e indignada fez passeatas e imagens de mães em prantos se repetiram. Décadas e a sociedade e o Estado continuam insensíveis. “É inadmissível que a vida de um jovem do Leblon tenha mais valor do que a vida de um jovem da Maré”, disse Eliana Souza e Silva, diretora da Redes da Maré e articuladora do Plano de Direitos Humanos, presente durante os acontecimentos. (mais…)

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