E veja que voa, o navio negreiro de alvenaria

Peça de grafite exposta no Centro Cultural São Paulo rompe paradigmas, ao pintar favela de forma não pejorativa – como muitos nunca viram

Por JR Penteado

Quem vai ao Centro Cultural São Paulo (CCSP), no metrô Vergueiro, pode ver na área conhecida como ‘foyer’ uma peça de grafite recém-terminada. Ainda exalando cheiro de tinta fresca, três cercados de madeira, de aproximadamente 2metros de altura cada, trazem em suas superfícies o desenho de uma favela. A peça faz parte da mostra Estéticas das Periferias e é assinada pelo grupo OPNI, um acrônimo para Objetos Pixadores Não Identificados. (mais…)

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Uma história que já vivemos por aí

Na abertura da mostra de vídeos do Estéticas da Periferia, “Jennifer” debate mestiçagem e pressões sociais para esconder negritude. Diretor afirma, em entrevista: “cinema das quebradas precisa falar de tudo”

Por Juliane Cintra, de Diálogos do Sul

A narrativa do média-metragem Jennifer poderia ser definida como “Uma história que já vivemos por aí”: a história dessa garota de  17 anos, moradora da Vila Nova Cachoeirinha, Zona Norte de São Paulo, cairia muito bem em qualquer uma das quebradas paulistanas.

Filha de mãe solteira e de família nordestina, Jennifer enfrenta todos os dilemas comuns aos jovens de periferia. E na luta pela construção da sua identidade, vai descortinando as sutilezas das relações humanas quando o assunto é a questão racial.Para os mais apressados, poderia estar falando de mais um daqueles clichês típicos de filmes que abordam o preconceito ou racismo. Tudo coisa de preto. Mas cuidado: a pele de Jennifer não é retinta. A garota manipula suas fotos no Photoshop para ficar mais clara e com cabelos lisosNo momento em que se torna adulta, ela vive dilemas relativos à sua identidade numa sociedade calcada nos significados de branquitude. Confira a entrevista do diretor do filme Renato Candido de Lima. (mais…)

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FCP promove a exposição “Arte e Cultura Africana”

Quadro cedido pela Embaixada de Zâmbia

Por Drielly Jardim

Com abertura agendada para a próxima segunda-feira (27), às 17h30, a exposição Arte e Cultura Africana traz 130 peças, entre artefatos, quadros, móveis e esculturas do acervo de 19 embaixadas do Continente Africano no Brasil. A mostra, que também marca o 24º aniversário da FCP, é um dos eventos da instituição na preparação da Década dos Povos Afrodescendentes, que terá início em dezembro deste ano, conforme Resolução Organização das Nações Unidas (ONU). Até o dia 6 de setembro, as obras podem ser vistas no Salão Negro do Ministério da Justiça.

Para o presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, a mostra consegue reunir o encanto e a criatividade da cultura africana. “A exposição fará com que a distância física imposta pelo Atlântico seja superada, aproximando assim as identidades que valorizam as culturas brasileira e africana”, afirma, “Com certeza, os visitantes vão ficar maravilhados”, garante.

O curador da exposição, Carlos Eduardo Trindade, explica que a exposição levará o público a um passeio panorâmico sobre as bases constitutivas da vida comunitária, do trabalho, do lazer, das relações familiares, da religiosidade e do cotidiano dos vários povos que formam a África. “A heterogeneidade das práticas culturais existentes em solo africano é marcante e, talvez, a principal contribuição ofertada pelos seus habitantes à humanidade”, conta. (mais…)

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Advogado aciona justiça contra personagem racista do Zorra Total

Personagem Adelaide. Foto: reprodução

A quem o personagem faz rir? Àqueles que não se comovem com o sofrimento e a luta das mulheres negras brasileiras. E que ainda lhe imputam a responsabilidade pela situação de descuido

Humberto Adami, em seu sítio

Não há outros personagens negros femininos no programa, e a caricatura só reforça o preconceito contra a mulher negra, pobre e sem trabalho.

Não há escusas para a Rede Globo, nem para o silêncio de grande parte do Movimento Negro brasileiro, e das instituições ligadas ao enfrentamento do racismo no Brasil. Essas imagens levadas ao plano internacional envergonhariam qualquer nacional.

A representação ao Ministério Público, acompanhada de eficiente ação de reparação de dano coletivo, nos moldes do Caso Tiririca & SONY, já passou da hora. Uma insatisfação do quadro do programa pode ser visto aqui.

Não há como se fugir ao debate da “liberdade de expressão, censura, e liberdade artística” , que por certo será levantado, mas sim impor a reparação do dano coletivo, com os rigores de expressiva jurisprudência nacional a respeito. (mais…)

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“Querem vencer Assange pelo cansaço”, por Noam Chomsky

Para Noam Chomsky, chances de julgamento justo nos EUA são “virtualmente zero”; e invasão da embaixada não deve ser descartada. 

Entrevista a José Maria León, do Gkillcity; Tradução: Cauê Ameni.

Aos 83 anos, o linguista e sociólogo Noam Chomsky permanece ativo e irreverente. Uma vasta agenda, na qual pedidos de entrevistas às vezes aguardam por meses, não o impediu de responder por e-mail, em 19 de agosto, a perguntas enviadas por José Maria León, do site equatoriano GkillCity. Os editores são de Guayaquil – cidade mais populosa de seu país (3,5 milhões), praieira, musical e noturna.

Porque nada temos, tudo faremos”, anuncia o slogan de GkillCity, que se dedica à cultura, à política e à defesa da liberdade na internet. Sua intrépida equipe pode ser conhecida aqui. José Maria, que enviou a Chomsky quatro perguntas por e-mail, é uma espécie de editor e mantém um blog em que comenta cada nova leva de textos. Apesar de também satírico (ou exatamente por isso…), o site propõe-se a debater o Equador e o mundo travas. A entrevista a seguir o demonstra. (A.M.) (mais…)

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Femen Brazil: ativismo ou marketing?

Quem examina posições e práticas do grupo percebe que, por trás da aparência rebelde, estão práticas conservadoras, antifeministas e homofóbicas

Por Marília Moschkovich, editora de Mulher Alternativa

A primeira vez que ouvi falar do Femen, achei-as no mínimo bem-humoradas. As militantes ucranianas utilizavam-se da nudez em protestos públicos. Ganharam a mídia da Ucrânia e a imprensa internacional com facilidade. Em seguida, vieram informações de que ainda que haja mulheres de outros tipos físicos na organização, sãos as loiras, brancas e com corpos “de gostosa” que ficam nuas. Segundo essa informação que chegou, essa “seleção” é uma estratégia (que parece ter funcionado muito bem) para chamar a atenção. Por mais que eu e tantas outras feministas questionássemos e discordássemos desta estratégia, ainda considerávamos que na conjuntura da Ucrânia – em que nenhuma de nós é muito expert – talvez esta linha de atuação fizesse mesmo mais sentido. Respeitar a autonomia dos diferentes grupos de militância em seus locais é sempre uma boa pedida. (mais…)

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“Arqueologia, Memória e História Indígena”: 7 a 9 de novembro, na UFSC

O simpósio “Arqueologia, Memória e História Indígena” a ser realizado na Universidade Federal de Santa Catarina é fruto de uma parceria tripartite entre o recém criado laboratório LEIA, Laboratório de Estudos Interdisciplinares em Arqueologia da UFSC, o LINTT, Laboratório Interdisciplinar de estudos sobre tecnologia e território, sediado no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP e o LETT, Laboratório de Tecnologias Tradicionais, da UFRGS. O evento será realizado entre os dias 7 e 9 de novembro no auditório do Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral (MARquE).“Arqueologia, Memória e História Indígena” dá continuidade aos seminários do LINTT, atingindo assim sua terceira edição, a primeira fora do estado de São Paulo, unindo-se à VI semana de arqueologia e patrimônio da UFSC. Nesta edição, o seminário será promovido pelo LEIA, reforçando o vinculo deste novo centro no grupo de pesquisa CNPq sobre Tecnologia e Território, no qual os outros dois laboratórios mencionados já fazem parte. (mais…)

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1ª Mostra de Cinema Indígena do Xingu

Por Revista Moviola

O olhar indígena marcará a 1ª Mostra de Cinema Indígena do Xingu que acontecerá de 14 a 16 de setembro, na Câmara Municipal de  Canarana (Mato Grosso). O evento reunirá produções de cineastas de diversas etnias que habitam o Parque Indígena do Xingu, alguns trabalhos são feitos em parcerias com não-índios.

Serão exibidos 21 filmes, sendo 11 curtas, sete médias e três longa-metragens. As imagens em movimento preservam o esforço de divulgação das culturas milenares dos índios brasileiros. A mostra busca difundir entre os habitantes do Parque indígena do Xingu e a população de Canarana, principal cidade de acesso ao parque, a produção realizada pelo índios nos últimos anos.

A formação de índios cineastas foi possibilitada pela ONG Vídeo nas Aldeias em parceria com o Museu do Índio num trabalho de documentação da cultura material e imaterial das comunidades indígenas.  A capacitação aconteceu por meio de oficinas focadas em técnicas de filmagem e outras etapas da produção cinematográfica. (mais…)

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Hutukara discute gestão da TI Yanomami com órgãos ambientais no Amazonas

No ICMBio, em Manaus, Davi Kopenawa foi recebido pelo coordenador regional.

ISA, Ana Paula Caldeira Souto Maior

Sobreposição com Unidades de Conservação afeta 85% da Terra Indígena Yanomami no Estado do Amazonas, o que inviabiliza a autonomia das comunidades indígenas. Rede Rio Negro se reúne com ICMBio e CEUC para tratar do problema

A Hutukara Associação Yanomami (HAY), com o apoio da Rede Rio Negro (RRN) esteve na Coordenação Regional do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) no Amazonas e no Centro de Unidades de Conservação (CEUC)da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS) em Manaus, debatendo a questão da Floresta Nacional (Flona) Amazonas e do Parque Estadual Serra do Aracá. Em 2010, os Yanomami foram surpreendidos com ações dos órgãos ambientais para implementar Unidades de Conservação por meio da criação de conselhos gestores e a aprovação de plano de manejo.

A Flona Amazonas foi criada pelo Presidente José Sarney, em 1989, num ato que fragmentou a Terra Indígena em 19 ilhas, rodeadas pela própria Flona Amazonas e pela Flona Roraima, criadas para permitir a exploração econômica da floresta. O decreto que criou as Flonas exclui a ocupação indígena da área da Unidade de Conservação e permite que exploração econômica da floresta possa ser realizada por terceiros que não os próprios índios. (mais…)

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No Ceará, pesquisa alerta para os riscos do uso de agrotóxicos, que já causaram até crime

Agrotóxicos controlam pragas e doenças em fazendas do mundo inteiro. Resíduos na água e aumento dos casos de câncer chamam a atenção.

Pelo ar, por terra, em diversas formulações e preparos. Os agrotóxicos fazem parte do pacote tecnológico usado na maioria das propriedades rurais brasileiras. Com o crescimento da agricultura, na última década, a venda desses produtos no país aumentou 190%, situação que vem preocupando os profissionais da saúde.

A Abrasco, Associação Brasileira de Saúde Coletiva, publicou um dossiê que reúne os resultados de diversas pesquisas feitas em várias regiões do Brasil avaliando os efeitos dos agrotóxicos sobre o meio-ambiente e a saúde das pessoas.

O biólogo Fernando Carneiro é professor de saúde coletiva da Universidade de Brasília e membro da Abrasco. Foi ele quem reuniu as informações publicadas no dossiê. “De modo geral, em torno de 30% dos alimentos que o brasileiro consome não estão adequados para consumo humano em relação à questão dos agrotóxicos. Amostras são insatisfatórias ou porque têm agrotóxico não autorizado ou porque têm resíduo em quantidade inadequada”, explica.

O dossiê aponta que 14 agrotóxicos vendidos no Brasil já estão proibidos em outros países porque são suspeitos de causar danos neurológicos, mutação de genes e câncer. (mais…)

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