“Tudo pode ser manipulado, e falseia o explorador.
Vê o seu lucro ameaçado, e é capaz do vil terror.
No laranjal o malandrino, infame pra Mídia filmar.
Sem Terra povo do Divino, igualdade e o libertar”.
(A poesia do Sem Terra – Azuir Filho)
Dion Marcio C. Monteiro[1]
As elites econômicas sempre desenvolveram precisas táticas e estratégias para manter seu status quo quando algum fato os ameaça. A aliança entre o executivo, o judiciário e os veículos de comunicação, de propriedade destas mesmas elites, sempre foi um dos recursos mais utilizados. Ontem foi escrito mais um capítulo desta infame história.
Logo no dia seguinte a um dos canteiros da usina de Belo Monte ter sido ocupado pelos povos do Xingu, alguns veículos de comunicação, historicamente defensores dos grandes grupos econômicos, e apoiadores de golpes militares, estão tentando vincular uma suposta invasão e depredação ocorrida no prédio da Norte Energia S.A. (NESA), em Altamira, com a pacífica manifestação realizada no dia anterior por indígenas, pescadores, ribeirinhos, agricultores, quilombolas, ativistas sociais, trabalhadores rurais e moradores das cidades impactadas por esta hidrelétrica.
É o caso da filial da Rede Globo de televisão no Pará, emissora que até então ainda não havia falado sobre a ocupação do canteiro. A TV Liberal foi a primeira a noticiar a invasão e depredação do prédio administrativo da NESA, mostrando a imagem do boletim de ocorrência feito pela empresa, e acentuando que a policia de Altamira já estava procurando identificar os responsáveis pela ação. O detalhe é que mesmo ainda estando o suposto caso em investigação, a ação foi apresentada como “realizada por movimentos sociais contrários a construção de Belo Monte”. (mais…)